Fessergs critica proposta de divisão do IPE

Fessergs critica proposta de divisão do IPE

Governo do Estado anunciou que pretende dividir órgão em duas autarquias independentes

Jessica Hübler

Presidente da Fessergs Sérgio Arnoud criticou a proposta de reestruturação do IPE

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O presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado do Rio Grande do Sul (Fessergs), Sérgio Arnoud, criticou a proposta de reestruturação do Instituto de Previdência do Estado (IPE), que pretende dividir o órgão em duas autarquias: uma responsável pela área da Saúde e outra pela Previdência. Segundo ele, não houve diálogo do governo com os servidores, o que caracteriza uma decisão unilateral.

Ainda conforme Arnoud, a proposta vai contra a Constituição Estadual que diz, no artigo 41, que o Estado manterá órgão ou entidade de Previdência e Assistência à Saúde para os seus servidores. “Ou seja, é um órgão, não são dois. Então tem que mudar a Constituição. E eles só falaram em projetos de lei, que não podem ser superior ou contradizer o que está na Constituição”, enfatizou.

Além disso, Arnoud afirmou que desconfia da proposta. “Isso deixa no ar uma suspeita muito forte que é o envolvimento, o oferecimento do IPE neste processo de renegociação da dívida e isso é uma coisa muito séria, porque o IPE vale mais que o Banrisul”, destacou.

“Queremos lamentar e mostrar toda a nossa indignação em relação ao anúncio de um conjunto de medidas tão impactantes, elaborado sem qualquer consulta aos interessados, que são os servidores que sustentam o IPE”, ressaltou Arnoud.

Conforme ele, o asfixiamento econômico e financeiro promovido contra o IPE Saúde já era conhecido pela Fessergs. “Esta proposta é contraditória. O governo apresenta a divisão em duas autarquias, isto exatamente num momento em que atrasa e parcela salários, alegando falta de recursos, então é contraditório falar em falta de recursos e criar duas autarquias”, explicou.

Para Arnoud, é preciso esclarecer como a gestão será aperfeiçoada sem dinheiro. “O Fundo de Assistência à Saúde (FAS), no início do governo Sartori, dispunha de R$ 287 milhões em caixa, em janeiro de 2015. Isto equivalia à despesa de dois meses com saúde no IPE, ou seja, havia uma reserva capaz de manter, de forma segura, o atendimento de saúde. Hoje, em 2017, tem R$ 70 milhões no FAS, o que representa menos da metade do gasto mensal com saúde”, detalhou. O motivo, conforme Arnoud, é que o governo não repassa o que desconta dos servidores e a parte patronal sistematicamente atrasando, o que debilita o IPE.

Este atraso conforme Arnoud, também vai contra a Constituição Estadual. Também o artigo 41, citado anteriormente, diz que os repasses descontados dos servidores “têm que ser transferidos para o instituto no mesmo dia e mês do pagamento, de forma automática, quando se tratar da contribuição dos servidores”. “O governo atrasa de 30, 60 e até 90 dias o repasse ao IPE”, disse.

De acordo com o presidente do Sindipe, Roberto Max Liebstein, o IPE precisa de reformulações, “mas isto não é motivo para a divisão”. “Somos inicialmente contrários, até porque não houve nenhum debate. O IPE precisa ser de melhores condições, mas não precisa ser dividido em dois”, ressaltou.

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