Gigantes miram hidrogênio "verde"

Gigantes miram hidrogênio "verde"

White Martins e Iberdrola sinalizam interesse em investir em geração para produção do combustível

Guilherme Baumhardt, da Rádio Guaíba

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Ao fazer um balanço da parte holandesa da missão à Europa formada pela comitiva empresarial e governamental, o presidente da Federação das Indústrias (Fiergs), Gilberto Petry, demonstrou pressa: “No Rio Grande do Sul não me parece que exista dinheiro sobrando. Por isso eles precisam aportar os recursos para realizar o negócio. Do contrário, fica apenas na base do memorando de investimento”, afirmou o dirigente. O

chefe da Casa Civil, secretário Artur Lemos, sinaliza que os investimentos devem ser mesmo privados. “O empreendedor aparece quando sente que o ambiente está favorável. E estamos criando isso”, declarou. A contratação de uma consultoria para montar o planejamento e apresentar o potencial do Rio Grande do Sul está em fase final. A McKinsey, de renome internacional, está na disputa. A Enerfin, que firmou há pouco memorando com o governo do Estado, participou das agendas nos dias finais. White Martins e Iberdrola já sinalizaram interesse em investir na geração de energia (parques eólicos) para produção do hidrogênio “verde”, considerado o combustível do futuro, especialmente na Europa.

Isso não significa que o Rio Grande do Sul não tenha desafios. A falta de linhas de transmissão acabou atrasando a implantação de projetos. Artur Lemos defende que estados que não possuem fundos de desenvolvimento sejam compensados. “Há um hotel ao lado do aeroporto de Brasília que foi construído com dinheiro do fundo de desenvolvimento do Centro-Oeste. E nós não temos isso. Existem fundos apenas para Nordeste e Centro-Oeste”, observou.

No último dia de missão, a comitiva marcou presença em Rotterdam, que abriga o terceiro maior porto do mundo, atrás apenas de dois terminais na China. A área é mais antiga que o Brasil, e há 700 anos recebe navios, cargas e passageiros. São 40 quilômetros de armazéns, docas, piers, guindastes e empresas instaladas naquele que é, junto de Hamburgo, na Alemanha, o principal terminal para navios na Europa. Para que o gigantismo de Rotterdam fique ainda mais evidente, uma informação adicional: cruzar a Holanda de um lado a outro é uma viagem de 300 quilômetros. O espaço, um dos poucos no mundo capaz de receber os gigantes navios que transportam contêineres, foi recentemente ampliado para abrigar torres de energia eólica e uma área de montagem para aerogeradores instalados no mar, o sistema Offshore. A disponibilidade de área, sem a necessidade de aterros, é um dos fatores apontados como diferencial competitivo para o Rio Grande do Sul.

No final da missão veio a informação de que receberam autorização, e estão livres para avançar, projetos que somam capacidade de geração de 1 gigawatt de potência, cerca de 10% do consumo de energia atual do Estado. Não se trata de garantia de torres instaladas, mas é pouco provável que projetos que custaram 50 milhões de reais não saiam do papel após esta etapa vencida. E para julho o governo do Estado prepara nova missão, desta vez a Israel. Ainda não há confirmação, mas, se ocorrer, estará voltada a projetos de irrigação e segurança.


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