Governo de São Paulo fala em mais de 1 milhão sem vacina e ameaça ir ao STF

Governo de São Paulo fala em mais de 1 milhão sem vacina e ameaça ir ao STF

Mais de 95% das UBSs da capital paulista estão sem imunizantes

AE

Governo de SP ameaça ir ao STF

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Mais de 95% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital paulista estão sem vacinas da AstraZeneca para a segunda dose e a falta já atinge todo o Estado. Segundo o governo estadual, desde o fim de semana cerca de 1 milhão de pessoas ficaram sem o esquema vacinal completo. Somente na capital, 200 mil pessoas estão com a aplicação atrasada, número que chegará na segunda-feira a 340 mil. O governador João Doria (PSDB) disse que o Estado pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal caso não receba um novo lote.

"O ministério deve, sim, 1 milhão de doses da vacina da AstraZeneca e, se não der por aquilo que representa a proporcionalidade de São Paulo e seus 645 municípios, dará por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF)", disse o governador. "Se nós não recebermos a vacina até terça-feira, como é a promessa do Ministério da Saúde, nós ingressaremos com uma nova medida no Supremo."

Segundo Doria, o Estado já enviou dois ofícios ao Ministério da Saúde, solicitando que providencie a entrega de vacinas. "Isso não é um problema só de São Paulo, é um problema do País", disse. Alguns Estados, como Mato Grosso do Sul, também estão sem estoques de AstraZeneca em vários municípios.

Diante do cenário, o governo de São Paulo anunciou, ontem à noite, que, a partir da próxima semana, quem estiver com a segunda dose da AstraZeneca atrasada poderá se vacinar com a Pfizer. Para viabilizar o plano, serão entregues aos municípios durante o final de semana cerca de 400 mil doses extras de Pfizer.

A intercambialidade das vacinas foi chancelada pelo Comitê Científico do governo do Estado e pelo Programa Estadual de Imunização (PEI), que embasaram a decisão em estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e em orientações do próprio Ministério da Saúde. "Do dia 4 até o dia de hoje, em torno de 1 milhão de pessoas precisam completar o seu esquema vacinal", disse a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Regiane de Paula.

Na quinta-feira, o ministério afirmou que já repassou ao Estado 12,4 milhões de doses da AstraZeneca referentes à primeira aplicação e outras 9,2 milhões referentes à segunda aplicação. A diferença, cerca de 2,8 milhões de doses, conforme pasta, ainda não foi enviada porque o intervalo previsto só termina no fim do mês. "Ao contrário do que foi divulgado pelo governo de São Paulo, o Ministério da Saúde não deve segunda dose ao Estado", diz a nota. Ainda de acordo com a pasta, São Paulo utilizou como primeira dose vacinas destinadas à dose 2.

Pfizer

No caso da Pfizer, a escassez também foi constatada pela manhã na capital. Mais de 85% dos postos chegaram a ficar sem a vacina, mas parte das unidades foi reabastecida no início da tarde de ontem. Com o sumiço de doses, a arquiteta Karina Garcia, de 26 anos, achou melhor se precaver. "Vi que estava faltando e fiquei preocupada", relata a jovem, que foi tomar a segunda dose do imunizante na UBS Boracea, na Barra Funda, zona oeste da capital, por volta das 16h30. "Antes de vir para cá, liguei no posto de saúde para ter certeza que havia vacina disponível."

Pontualmente, moradores de São Paulo também relataram problemas com a disponibilidade de Coronavac. "Precisei sair mais cedo do trabalho, passei duas horas na fila e, quando chegou minha vez, disseram que não tinha", diz a operadora de loja Ana Flávia Santos, de 24 anos. Segundo afirma, tentou primeiro em um posto da Brasilândia, na zona oeste, antes de ir para a Barra Funda. "É uma situação frustrante: a gente perde o dia de serviço."

O levantamento do Estadão levou em consideração dados divulgados pela Prefeitura por meio do site De Olho na Fila, que informa sobre a disponibilidade dos imunizantes para a segunda dose. A escassez também se estende a vacinas para a primeira dose, dado que a gestão municipal não detalha em seu site. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse na manhã desta sexta que a cidade precisa de 200 mil doses para suprir as aplicações da segunda dose de AstraZeneca que estão em atraso. Na próxima segunda-feira, esse número aumentará para 340 mil, com as 140 mil pessoas que estão previstas para receber o reforço na data. "É uma questão de falta de fornecimento por parte do Ministério da Saúde e estão resolvendo. Aparentemente, deverá ser feita (a segunda dose para pessoas que receberam AstraZeneca), com Pfizer", declarou.

Cenário

O problema começou a ser notado na quinta-feira, quando o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, reconheceu que a quantidade de vacinas da AstraZeneca era insuficiente para abastecer todos os postos. Até então, a falta de doses afetava metade dos postos, situação que se agravou nas últimas 24 horas. A escassez afeta todas as regiões da capital paulista. Na zona leste, nenhum dos 146 postos têm vacinas da AstraZeneca disponíveis para a segunda dose, mesma situação dos postos do centro (10), zona oeste (33) e norte (92).

Em nota, a Prefeitura disse ter recebido nesta quinta-feira 255 mil doses da Pfizer e 128,5 mil da Coronavac. E disse que o Ministério da Saúde sinalizou a entrega de um lote de AstraZeneca para a capital na próxima semana.

"Recomendamos à população que acompanhe a disponibilidade de segundas doses dos imunizantes por meio da plataforma De Olho na Fila.


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