Hospitais enfrentam aumento de infectados entre funcionários em Porto Alegre

Hospitais enfrentam aumento de infectados entre funcionários em Porto Alegre

Duas instituições sofrem internamente os reflexos da pandemia na população gaúcha

Gabriel Guedes

Quantidade de funcionários atendidos com sintomas gripais chega a mais do que dobrar

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O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) vêm sofrendo internamente os reflexos no aumento de casos de Covid-19 na população gaúcha. Junto com esta aceleração da pandemia, a quantidade de funcionários atendidos com sintomas gripais nos dois principais hospitais públicos da Capital chega a mais do que dobrar em relação ao que estava acontecendo há três semanas.

No HCPA, pelo menos 419 funcionários haviam procurado atendimento no Serviço de Medicina Ocupacional (SMO) até o final da tarde da última sexta-feira. Destes, 65 positivaram e havia a expectativa de ter mais alguns casos confirmados no dia seguinte, com a realização e o recebimento de resultados de testes, segundo o chefe do setor, médico Fábio Dantas. “Sim, sem dúvida. Tivemos um incremento muito importante de profissionais com Covid-19. Nesta semana, foram 419 e isso é mais que o dobro das médias que a gente vinha atendendo a três semanas atrás”, apontou. 

No GHC, a enfermeira Andiara Cossetin, do posto de atendimento aos funcionários com suspeita de Covid-19 na instituição, também constatou o aumento na demanda. “A gente nunca trabalhou tanto como nesta última semana. Muitos funcionários estão infectados. Teve este período do carnaval, final de ano e as pessoas tiveram muitos contatos com a família”, avaliou. Há dias em que há mais de 60 casos de síndrome gripal e pelo menos dez casos de Covid-19 detectados entre os servidores do GHC.

No HCPA, desde o começo da pandemia houve 1.753 casos de Covid-19 e destes, 1.587 já retornaram do trabalho, com 166 casos ativos. O GHC já soma 2.855 confirmados entre os 9.584 profissionais que atuam nos hospitais Conceição, Criança Conceição, Cristo Redentor e Fêmina, além da UPA Moacyr Scliar, de 12 postos de saúde do Serviço de Saúde Comunitária, de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e da Escola GHC.

Perfil 

Conforme Dantas, o perfil dos infectados no HCPA é do mais variado, com pessoas que atuam desde a área de assistência até os administrativos. “Semelhantes ao que a gente já vinha vendo”, garantiu. Segundo o médico, o Clínicas tem realizado rapidamente os testes. "A gente já faz no profissional assim que ele identifica sintomas. Resultado sai em menos de 24 horas. Caso positivo, cumprem o período de afastamento, aos 14 dias, fazem os exames e retornam”, detalhou. 

Profissionais contactantes com alguém que teve o vírus e que moram no mesmo lugar ou são íntimos, também acabam também afastados do trabalho, mesmo que não apresentem sintomas. 

O hospital também oferece acompanhamento psicológico. A exceção são os profissionais vacinados ou que tiveram Covid-19 há menos de 90 dias. “Temos uma equipe de saúde mental junto a todas as pessoas que se infectam. Isso tem sido muito positivo e eles se sentem acolhidos”, destacou. 

Entretanto, entre os atuais infectados, há também servidores já vacinados. No caso do HCPA, Dantas confirmou que alguns profissionais tiveram infecção confirmada alguns dias após receberem a primeira dose da vacina. “Isso se deve por dois principais motivos: a resposta imunológica leva algumas semanas para ser produzida, portanto, o período entre a vacinação e a resposta imunológica é uma janela de risco para a infecção. O segundo motivo é que as vacinas se mostraram eficazes em reduzir as formas graves de doença, principalmente a necessidade de hospitalizações e cuidados de terapia intensiva. No entanto, elas não impedem a infecção”, explicou. 


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