Hospitais operam acima de 80% da taxa de ocupação em Porto Alegre

Hospitais operam acima de 80% da taxa de ocupação em Porto Alegre

Três instituições da Capital estavam com lotação máxima nesta terça-feira

Jessica Hübler

Total de internados nas UTIs adulto de Porto Alegre relacionados ao novo coronavírus já chega a 327 nesta terça-feira

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As internações de pessoas com diagnóstico positivo da Covid-19 nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto de Porto Alegre aumentaram 202,15% entre 21 de junho e 21 de julho, passando de 93 para 281. Somando com os 46 pacientes que têm suspeita da doença, o total de internados nas UTIs adulto de Porto Alegre relacionados ao novo coronavírus já chega a 327. 

A taxa de ocupação geral dos hospitais da Capital era de 90,84%, sendo que todos eles operavam acima de 80% na tarde desta terça-feira e pelo menos três estavam com lotação máxima: o Hospital Moinhos de Vento, o Hospital Porto Alegre e o Hospital da Restinga. 

Os dados mudam a todo momento, justamente porque estão sujeitos a alterações diversas como alta de pacientes, transferência de hospital ou óbito. 

De acordo com o diretor técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Francisco Paz, ocorrem mortes, mas também há um protocolo específico de retirada do paciente da UTI de isolamento, destinada exclusivamente para atendimento de pacientes confirmados. “A pessoa que fica 10 dias internada já tem condições de ir para uma UTI não Covid-19, porque não está mais transmitindo a doença”, explica.

Conforme Paz, esse é o tipo de controle que o GHC tem procurado adotar, através de uma conduta inspirada no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. “Inicialmente a alta demorava mais e só ocorria se a pessoa tivesse dois exames negativos, mas hoje já se entende que 15 dias após o início da doença, a pessoa não transmite mais o vírus e já pode ser colada em outro setor que não exija isolamento”, reitera. 

Esse tipo de rotatividade, de acordo com Paz, faz com que o Hospital Nossa Senhora da Conceição possa abrir sempre mais leitos para pacientes com a Covid-19. 

Além disso, Paz destaca que tem acontecido uma quantidade significativa de óbitos. No GHC, segundo ele, desde o início da pandemia ocorreram 1.619 hospitalizações de casos confirmados da Covid-19, desses 423 precisaram de atendimento na UTI e, até 19 de julho, foram contabilizados 100 óbitos.

“Temos um número grande de óbitos, mas não é a maioria das liberações de leitos. Normalmente o paciente já está em condições de ir para enfermaria, ou condições de ir para UTI não Covid e eventualmente para casa também, o que é motivo de festa”, afirma. 

Internações 

A média de internação em UTI de um paciente com diagnóstico positivo para o novo coronavírus, comenta Paz, tem sido de 13 a 15 dias no Conceição. “É bastante tempo, mas também há pacientes que ficam 50 dias, assim como tem pacientes que ficam menos tempo. São pacientes graves, que exigem um cuidado mais complexo em isolamento”, detalha. Um paciente não Covid, segundo Paz, passa cinco ou seis dias na UTI e já pode ir para o quarto.

No Hospital de Clínicas, entre suspeitos e confirmados, foram hospitalizados desde o início da pandemia 536 pacientes confirmados, sendo que 282 tiveram alta e 75 faleceram por conta de complicações decorrentes da Covid-19. Somando suspeitos e confirmados, o Clínicas atendeu 1.265 pacientes, destes 427 com passagem pela UTI e 988 pela enfermaria (alguns pacientes passaram pelas duas unidades de internação). 

Já no Hospital Mãe de Deus, desde o primeiro atendimento em março, foram confirmados 539 pacientes Covid-19, entre pacientes da emergência e das unidades de internação. Até o fim da tarde de ontem eram 14 suspeitos em leitos de enfermaria e 15 confirmados, além de oito suspeitos em UTI e 19 confirmados. Pelo menos 12 pacientes faleceram com Covid-19 no Mãe de Deus.

“O paciente com a Covid-19 é mais complicado porque a doença causa um comprometimento sistêmico muito grande. O pulmão tem uma reação inflamatória intensa, o que faz com que as pessoas precisem ficar recebendo a ventilação, também causa comprometimento dos outros órgãos, da circulação, tudo isso exige um tratamento intensivo muito acompanhado e especializado. É preciso estar toda hora avaliando, trocando de posição, fazendo correções na terapêutica, atualizando o respirador, providenciando outros exames, por isso exige cuidado”, assinala. 

Cada paciente Covid precisa de pelo menos um técnico de enfermagem disponível, durante as 24 horas do dia. “É um momento de muita tensão no ambiente hospitalar”, define Paz.

Atendimentos 

O Hospital Moinhos de Vento, conforme boletim divulgado na sexta-feira, recebeu 1.178 casos confirmados, somando atendimentos ambulatoriais e internações. No total, 337 estiveram internados, em UTI ou na enfermaria. Destes, 240 tiveram alta, 82 permanecem internados e 15 faleceram. Das internações atuais, 30 estão na UTI adulto e 45 em leitos de enfermaria. 

A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre atendeu, desde o início da pandemia, 958 confirmados e 222 suspeitos. Destes, 383 estão curados e 39 faleceram, sendo 10 estavam internados em leitos de enfermaria e 29 em leitos de UTI adulto. Atualmente, 47 confirmados e oito suspeitos seguem internados na UTI adulto da Santa Casa.

No Hospital São Lucas da Pucrs foi contabilizado o atendimento de 859 casos confirmados e 100 suspeitos, desde o início da pandemia. Entre aqueles com diagnóstico positivo para o novo coronavírus, 637 receberam atendimento ambulatorial, 128 já tiveram alta, 58 seguem internados e 36 morreram. Com relação às internações, 38 estão em leitos de enfermaria e 20 em UTI. 

Entre 25 de março e 20 de julho, foram diagnosticados 177 casos de Covid-19 na Associação Hospitalar Vila Nova (AHVN), sendo 22 óbitos. A instituição conta, até o momento, com 66 leitos clínicos de internação de média complexidade para tratamento contra o novo coronavírus, dos quais 63 estão ocupados com pacientes suspeitos ou confirmados com a doença. 

“Embora tenhamos aberto mais estas duas unidades e em tempo recorde, o cenário é bastante crítico com a possibilidade de esgotamento no atendimento a pacientes e de desgaste dos nossos profissionais de saúde, diante da demanda excessiva nas últimas semanas”, avisa o presidente da AHVN, Dirceu Dal’Molin. 

Segundo Dal’Molin, este momento é crucial para que a população de Porto Alegre e região Metropolitana entenda a importância do isolamento social para salvar vidas, não colapsar o sistema de saúde e coibir a adoção de medidas de circulação ainda mais restritivas. “Estamos fazendo este apelo aos cidadãos para que fiquem em casa e evitem o lockdown”, frisa Dal’Molin.


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