Infectologista enfatiza importância da vacinação contra meningite

Infectologista enfatiza importância da vacinação contra meningite

São Leopoldo, no Vale do Sinos, registrou duas mortes em razão da doença

Henrique Massaro

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Após as mortes recentes de duas meninas, uma de dois e outra de 14 anos, de São Leopoldo, causadas por meningite tipos A e B, o município do Vale do Sinos, na Região Metropolitana de Porto Alegre ainda chegou a investigar mais um caso, que acabou sendo descartado, mas que fez as atenções para a doença aumentarem no Estado.

O infectologista do Controle de Infecção da Santa Casa de Porto Alegre, Claudio Stadnik, afirma que, apesar de não haver necessidade de se criar um pânico, deve-se enfatizar a importância da vacinação para prevenir novos casos, já que meningite tem um percentual de mortalidade considerado alto. O médico explica que, nos casos de meningite provocados por bactérias, o tratamento hospitalar, com administração de antibióticos injetáveis e constante monitoramento, apresenta risco de morte para cerca de 20% dos casos.

Apesar disso, ele é a única forma de tentar reverter um quadro. Se não ocorrer a internação, as chances de o paciente vir a óbito são próximas de 100%. Por isso, a recomendação é de que se procure atendimento sempre que houver febre alta, de início súbito e acompanhada de dor de cabeça. 

O infectologista comenta que são sintomas vagos, que podem ser referentes a diversas outras doenças, e que a rigidez de nuca, geralmente lembrada quando se fala em meningite, só costuma aparecer mais tarde. Por isso, há a necessidade de um médico para tentar fechar o diagnóstico o quanto antes. Além desses, outros sintomas da doença podem ser náuseas, vômitos e mal-estar de maneira geral. Todos eles são referentes não só à meningite provocada por bactéria. Mas a doença também pode ser viral, que é a mais comum, e por fungos, considerada mais rara. 

Nesses dois casos, no entanto, a resolução tende a ser mais fácil e com poucas chances de provocar a morte dos pacientes. As bactérias, por sua vez, são mais graves e, por isso, são monitoradas pela vigilância sanitária.

De acordo com Stadnik, a mais grave é a meningococo, que tem diversos tipos A, B, C, W e Y. A meningite, conforme o médico, é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Ele explica que a doença é transmitida por gotículas do ar, que passam de uma pessoa para outra. A bactéria chega pelo trato respiratório, onde se coloniza. Apesar disso, a pessoa não sente nenhuma dor de garganta. Depois de alguns dias, ela invade a membrana mucosa e, pelo sangue, acessa o cérebro. Nem todas as pessoas que pegam a bactéria, contudo, desenvolvem a doença. O infectologista comenta que, apesar dos surtos de meningite nos anos 1970 e 1990, não há um critério de sazonalidade para pandemias como ocorre com a gripe, cujo vírus tem uma capacidade de transmissão muito maior. 

Além disso, a bactéria não tem uma capacidade de mutação que pegue desprevenido o sistema de Saúde. Segundo ele, não há como fazer previsões, mas, em tese, possíveis surtos estão sendo cobertos pelas vacinas disponíveis.

Stadnik, que se preocupa com as fake news que circulam a respeito da imunização, garante que é absurdo pensar em diminuição da cobertura. Anualmente, ainda conforme ele, o Rio Grande do Sul registra dezenas de casos de meningite, o que também descarta qualquer teoria de que a doença estaria próxima de estar erradicada. Ele explica que existem vacinas disponíveis para cada tipo (A, B, C, W e Y), mas que no calendário nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) está prevista a meningocócica tipo C. Embora não previstos, adultos também devem procurar a rede privada para se vacinar. Nas clínicas, é possível encontrar as imunizações para todos os tipos.


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