Iniciativas tentam devolver velha "cara" do Centro Histórico

Iniciativas tentam devolver velha "cara" do Centro Histórico

Poder público começa a empreender projetos contra degradação e investe na ocupação dos espaços coletivos

Mauren Xavier e Jéssica Hübler

Projeto "Quintas na Praça" leva arte e música para a Alfândega

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Os desafios do Centro Histórico de Porto Alegre não são poucos. Mesmo assim, algumas iniciativas tentam resgatar o prestígio, dessa que é uma região privilegiada e emblemática da cidade. É ali, às margens do Guaíba, que a Capital começou a se desenvolver há quase 245 anos, quando foi fundada. Entre as ações, algumas características são similares. Para evitar a maior degradação da área, o caminho é investir na ocupação dos espaços públicos espalhados. Esses mesmos locais atualmente são usufruídos por comerciantes ambulantes ou moradores de rua.

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Um movimento que chamou atenção nesta semana se deu ao redor do edifício Guaspari, que havia mais de um ano estava completamente fechado e suas marquises tinham se tornado moradia para dezenas de moradores de rua, além de atrair diversos comerciantes ambulantes para o espaço nobre, localizado quase em frente à Prefeitura de Porto Alegre e ao lado do Largo Glênio Peres.


Foto: Samuel Maciel


A estrutura que foi construída em 1936 foi referência no passado, mas hoje, é apenas mais um prédio dentro da imagem do Centro. Porém, desde terça-feira passada o panorama começou a ser alterado. Foram colocados tapumes brancos em boa parte da fachada, abrangendo especialmente a marquise. A medida trouxe efeitos práticos, com a redução da presença dos moradores e ambulantes. A situação não solucionou totalmente, porque mesmo com os tapumes, alguns comerciantes seguem no entorno. Quem sabe com a reabertura do espaço a situação tenda a melhorar, mesmo que parcialmente.

Uma das iniciativas que promove a revitalização do Centro, é o projeto "Quintas na Praça", que integra o projeto cultural “Território Praça da Alfândega”. O conceito é simples. Promover, por meio da cultura, ações de ocupação, atraindo a população a participar e usufruir do espaço. Entre as atividades promovidas foram feira de troca de livros com contação de histórias e apresentações musicais. Promovido em parceria entre a Secretaria Municipal da Cultura (SMC) e instituições culturais, financeiras, artísticas e empresas, localizadas nas proximidades.

O Território Praça da Alfândega foi lançado exatamente para valorizar e qualificar o convívio das pessoas com a praça, resgatando o seu potencial cultural. Durante as ações, também são destacados os prédios históricos da Praça da Alfândega como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e o Memorial do Rio Grande do Sul, antigo prédio dos Correios e Telégrafos.

Outro projeto se desenvolve em um espaço também emblemático do Centro: o Viaduto Otávio Rocha. Alertando há anos os problemas no espaço, especialmente a presença de moradores de rua, a Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (Arccov) promoveu diversas ações. A mais recente é a de feiras temáticas, convidando artistas e os atuais comerciantes a abrirem aos domingos, também convidando os moradores e visitantes a conhecerem um pouco mais sobre o viaduto.

A questão do Otávio Rocha não é recente e os seus problemas, como a questão estrutural, são frequentemente abordadas em encontros na prefeitura e Câmara de Vereadores nos últimos anos, mas sem soluções efetivas. Articulador da campanha "SOS Otávio Rocha", o vereador André Carús cita que foram feitas solicitações junto às entidades estaduais, especialmente na área da segurança, uma vez que há situações de tráfico e furtos registrados no local. Houve ainda o pedido para a retomada da lavagem diárias das calçadas e providências em relação aos moradores de rua, porém, não houve retorno efetivo.

“O movimento serve para que o Viaduto seja revitalizado e devolvido com segurança à população”, afirmou. Como um exemplo positivo, citou o caso da praça Garibaldi, na Cidade Baixa, que passou a ser ocupada pelos moradores num movimento que resultou na revitalização do espaço. Infelizmente, por outro lado, ações dos últimos anos acabaram se perdendo no caminho. Um deles era o projeto Viva o Centro, da prefeitura, que acabou encerrado.

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