Internações pela Covid-19 crescem mais de 100% em um mês no RS

Internações pela Covid-19 crescem mais de 100% em um mês no RS

Na região Metropolitana, segundo dados da SES, aumento foi de 120,77%

Jessica Hübler

Na tarde desta quinta-feira, as internações relacionadas com o novo coronavírus chegavam a 847, dos quais 636 confirmados e 211 suspeitos

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Aumentou 103,11% o número de pacientes confirmados ou com suspeita da Covid-19 internados em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto no Rio Grande do Sul. No dia 23 de junho, eram 417, sendo 273 confirmados e 144 suspeitos. Na tarde desta quinta-feira, as internações relacionadas com o novo coronavírus chegavam a 847, dos quais 636 confirmados e 211 suspeitos. Já na região Metropolitana, conforme levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o crescimento foi de 120,77% no mesmo período, passando de 231 (153 confirmados e 78 suspeitos) em 23 de junho para 510 (401 confirmados e 109 suspeitos) na tarde de quinta-feira. 

A taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto na região Metropolitana era de 82,7% quinta-feira à tarde e 76,6% no Estado. Em Porto Alegre, especificamente, a lotação das UTIs adulto chegava a 88,18%, sendo que 11 dos 17 hospitais presentes no Monitoramento das UTIs da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) operavam acima de 90%. Por conta do aumento constante da demanda por leitos de UTI na Capital, o médico emergencista e responsável pelo Monitoramento, Márcio Rodrigues, acrescentou três novas informações ao documento: pacientes com a Covid-19 na Emergência aguardando UTI; pacientes não-covid na Emergência aguardando UTI e pacientes em Ventilação Mecânica fora da UTI.

“A mudança no Monitoramento ocorre porque a medida que vai avançando o consumo dos leitos de UTI, existem coisas previstas, que é a possibilidade de pacientes começarem a ficar nas emergências aguardando, o que até o momento não havia acontecido e está começando a acontecer”, explica. A situação estava prevista na terceira fase do Plano de Contingência da SMS. “Conversamos com os hospitais e estamos começando a coletar essas informações para ajustar o método, o modelo que usamos para prever a quantidade de pacientes precisando de UTI”, reiterou Márcio.

Conforme Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que analisa as hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave e Óbitos, dentre as hospitalizações no Rio Grande do Sul que já possuem desfecho, 71% dos pacientes tiveram alta por cura e a taxa de letalidade hospitalar foi de 29%. Com relação à faixa etária, 50% das hospitalizações e 78% dos óbitos ocorreram em pessoas com 60 ou mais anos de idade. Já sobre a relação com comorbidades, o boletim informa que 68% das pessoas hospitalizadas e 94% daqueles que evoluíram para óbito apresentaram comorbidade.

“Uma coisa muito importante de reforçar é que as pessoas têm uma falsa ideia que ainda tem leito de UTI sobrando, mas um hospital não é um ambiente que deve funcionar com 100% de lotação, ele deve funcionar com uma lotação em torno de 80%, justamente para não ter gargalos. Quando começamos a passar de 90%, começam as complicações e isso leva a esperas maiores do que as desejadas”, enfatizou. Já sobre a quantidade de leitos da cidade, Márcio reforçou que há um momento em que o número de novos leitos e a quantidade de pacientes chegam em um limite. Segundo ele, nenhum lugar no mundo consegue gerar leito suficiente se não houver controle do contágio da epidemia.

Segundo ele, o paciente aguardar por leito de UTI é algo que acontece geralmente nesse período do ano, quando as internações aumentam tradicionalmente. “É típico das emergências, mas tentamos evitar isso com pacientes da Covid-19 porque eles demandam mais cuidados, demandam mais a equipe”, comentou. Apesar de explicar que não é o ideal o paciente ficar na emergência precisando de UTI, Márcio ressaltou que é algo esperado dentro do fluxo normal dos hospitais. “Os leitos não são instantâneos, até o momento dava para evitar isso, mas começamos a detectar que estava acontecendo uma espera um pouco maior”, disse.

Diante da possibilidade de esgotamento de recursos para atendimento nas UTIs em razão da pandemia do novo coronavírus, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) informou, em nota, que os pacientes que buscarem atendimento não ficarão desassistidos caso não se enquadrem nos critérios para internação em UTI. “Todos os pacientes hospitalizados serão assistidos. A priorização de critérios para ocupação de recursos implica, apenas, melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, sem abandono ou desatendimento do paciente que não apresentar indicação para admissão em leito de UTI”, consta no documento do Cremers.

Conforme a entidade, “esse paciente terá assistência médica maior e exigirá da equipe de saúde um esforço redobrado no sentido de buscar sua recuperação. O Cremers publicou, em junho, a Resolução 13/2020, que aponta critérios técnicos e objetivos para auxiliar o médico na classificação de prioridade de cada paciente no caso de esgotamento dos recursos para atendimento. A norma deve vigorar enquanto durar o estado de calamidade pública em razão da pandemia de Covid-19 no Brasil”.


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