Justiça analisará documentos que comprovariam quilombo na zona Sul de Porto Alegre
Defensoria Pública pediu que decisão de retirada seja anunciada com antecedência
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O encontro reuniu representantes da Família Lemos, do Ministério Público Estadual e Federal, da Defensoria Pública do Estado, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e os vereadores Marcelo Sgarbossa e Sofia Cavedon.
Segundo Araújo, será entregue ao Poder Judiciário uma documentação com a certificação da Fundação Palmares e um relatório antropológico que comprova de fato que a área é uma comunidade quilombola, o que não estava sendo levado em consideração pela Justiça. "O oficial de Justiça se comprometeu em apresentar o material da Fundação Palmares ao juiz que decidirá sobre a suspensão ou não do mandado de reintegração de posse", destacou.
Araújo informou ainda que a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa vai tentar uma agenda com o juiz na próxima semana para discutir a situação. A defensora pública Isabel Rodrigues Wexel, do Núcleo de Defesa Agrária e Moradia, destacou que não havia necessidade de uso de força policial na desocupação da área. "Caso seja decidida a saída das famílias, a Defensoria Pública do Estado pediu que essa decisão fosse comunicada já que, no local, existem muitas crianças e idosos", comentou.
Na quarta-feira, o Batalhão de Choque da Brigada Militar tentou cumprir um mandado de reintegração de posse de parte de um terreno do Asilo Padre Cacique, o que não acabou não ocorrendo. Caminhões e retroescavadeira estiveram no terreno para retirar os pertences dos moradores e levar para outro local.
Sandro Lemos, líder da comunidade e filho do fundador do quilombo há 54 anos, disse que cerca de 60 pessoas - entre crianças, adultos e idosos - moram no local, que é um dos sete quilombos urbanos de Porto Alegre.