Linchamento teria começado após mulher oferecer fruta a criança
Mulher de 33 anos teria sido agredida por duas horas, conforme relato de moradores de Guarujá
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"Acredito que acharam que ela iria roubar aquela criança. Começaram a agredi-la por causa disso. Ela já não conseguiu falar mais logo depois do primeiro golpe", conta o primo, que não testemunhou os fatos. "Acontece que ela gostava muito de crianças. Além dos filhos dela, ela cuidava de outras três crianças durante o dia, que são filhos de uma sobrinha dela. Acho que brincou com aquele menino sem pensar", conta o primo. A Polícia Civil estima que até mil pessoas tenham ido ao bairro ver o linchamento. O único homem preso até o momento, de 47 anos, afirmou que pelo menos 100 participaram diretamente das agressões.
O delegado Luiz Ricardo Lara Dias Júnior, do 1º Distrito Policial do Guarujá, ouviu duas testemunhas do crime na última terça-feira. Outras duas pessoas foram ouvidas na manhã desta quarta na Delegacia Seccional da cidade. A expectativa é que novas prisões sejam feitas. Dias Júnior, no entanto, afirmou que ainda não tem informações suficientes para dizer como que as agressões começaram.
A fúria das pessoas que participaram do linchamento fez com que a bíblia que Fabiane carregava fosse vista como "um livro satânico". "Eles falaram que era um 'livro satânico' e tentaram rasgar. Não viram que era uma bíblia. Fui eu quem tirou o livro do chão", conta a dona de casa Carla Rosane Cunha Viana, de 47 anos, que testemunhou toda a ação. Ela aparece em um dos vídeos publicados na internet sobre o caso pedindo para as pessoas pararem com as agressões, mas sendo ignorada. "A bruxa estava famosa no bairro. Ela e essas histórias de sequestro de crianças. Tanto que, quando pegaram a Fabiane, todo mundo começou a espalhar isso por mensagens. Veio gente de moto, de outros bairros, todo mundo veio ver a mulher. E demorou muito, ela apanhou, foi arrastada, jogada, demorou umas duas horas. Queriam colocar fogo nela, mas a polícia chegou antes", diz Carla Rosane.