Médicos cubanos no RS se colocam a disposição para atuar no combate à pandemia

Médicos cubanos no RS se colocam a disposição para atuar no combate à pandemia

Programa foi encerrado em 2019

Gabriel Guedes

Médicos cubanos querem ajudar RS no combate ao coronavírus

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Boa parte dos médicos cubanos, que vieram para o Brasil para trabalhar no programa Mais Médicos, criado para levar a medicina aos locais mais remotos e também alguns dos mais pobres do país, poderiam estar atuando no combate ao novo coronavírus, mas estão passando dificuldades enquanto tentam trabalhar. O programa, criado em 2013, durante a gestão petista, foi substituído pelo Médicos pelo Brasil, em 2019, programa que dispensou a mão de obra de 1.800 profissionais que permaneceram no País. 

Mas sem perspectivas de contratação, muitos foram visitar Cuba e depois retornaram ao Brasil, o que criou um problema para centenas médicos cubanos. Impedidos participar da edição do programa do governo Bolsonaro e de praticar medicina por aqui, foram obrigados a procurar por empregos alternativos. Muitos dos que ficaram aguardavam pela aprovação do Médicos pelo Brasil com a esperança de voltar a trabalhar em sua área.

A realidade, porém, se mostrou diferente para Eleany Bueno Trujillo, 30 anos, Barbara Maria Cutino Gongora, 30, e outros pelo menos 160 médicos cubanos no Rio Grande do Sul que ficaram de fora do novo programa. “O edital exigia ter permanecido no território nacional até a data de publicação da Medida Provisória. Eu mesma fui a meu país por 60 dias, mas legalmente podia ficar até 90, período máximo para um residente temporário”, conta a médica Eleany, de 30 anos, que mora em Tenente Portela.

Na cidade, ela trabalha em uma farmácia e cuida de uma pessoa acamada. Ela não entende como nesta pandemia eles estão sem poder ajudar. “Queríamos que o governo soubesse que têm médicos que já trabalharam no Mais Médicos dispostos a ajudar. Muitos estados estão tomando iniciativas para a contratação de médicos intercambistas”, sugere. 

Em Caçapava do Sul, a médica Barbara Maria Cutino Gongora, 30 anos, está desempregada e mora em um apartamento dividido com uma técnica de enfermagem, que a ajuda sobreviver. “Eu posso dizer que é muito triste não poder ser médica, ainda mais vendo a situação do país. Já pensei em voltar para o país, mas daí a população mais carente ficaria sem ter atendimento médico”, lamenta.

A MP exigia que os médicos cubanos que desejassem trabalhar no Médicos pelo Brasil cumprissem dois requisitos: que estivessem no exercício de suas atividades no Programa Mais Médicos no dia 13 de novembro de 2018, quando o acordo de cooperação foi encerrado pelo governo cubano; e ter permanecido no Brasil até a data da publicação da medida provisória, em 1º de agosto de 2019, na condição de naturalizado, residente ou com pedido de refúgio.

Um grupo de cubanos desempregados lançou uma carta nesta semana, pedindo providências para superarem a situação, tanto por meio da contratação pelo governo, como também para validar seus diplomas de curso superior em Medicina. O Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde foram contatados para comentar sobre a situação, mas não informaram uma posição até a publicação desta reportagem.


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