Mais de 80% das mulheres assediadas no trabalho não denunciaram a situação, aponta pesquisa
Dados foram apresentados pelo Instituto Cidade Segura durante debate sobre violência e gênero
publicidade
O levantamento apontou ainda que 48,2% dos agressores são companheiros e ex-companheiros das vítimas, seguido de 32,1% de desconhecidos ou conhecidos de vista, além de 10,7% de outros familiares .Um dado que chamou a atenção foi que 36,5% dos entrevistados da 1ª Pesquisa de Vitimização de Porto Alegre concordaram, totalmente ou em parte, de que existem situações em que as mulheres se comportam como se pedissem para serem estupradas. Essa visão foi oriunda em maior proporção do próprio sexo feminino. Na faixa etária, as pessoas com mais de 40 anos manifestaram-se no mesmo sentido, enquanto os jovens discordaram que o comportamento das mulheres seja responsável pelos estupros. No quesito de escolaridade, as pessoas com menor grau de instrução concordaram com a afirmação.
Referindo-se ao fato de que 86,4% das mulheres assediadas não terem apresentado denúncia, a Procuradoria Especial da Mulher na Assembleia Legislativa, deputada Manuela d'Ávila (PCdoB), avaliou que “faz parte da nossa cultura por que elas tem o receio da demissão” e que não ocorra punição.
“Precisamos falar tanto sobre o assédio para que as mulheres se sintam encorajadas a denunciar e que os ambientes de trabalho tem espaços para que as denúncias sejam apuradas”, declarou. Sobre o predomínio de companheiros e ex-companheiros como agressores, ela defendeu a necessidade de “debater o machismo e construir uma sociedade com equidade por que a maior parte das mulheres sofre violência dentro do ambiente doméstico”. Em relação ao fato de que muitas mulheres culpam o comportamento das vítimas de estupro, Manuela d'Ávila percebe a influência da cultura machista na sociedade. “A vítima nunca é culpada pela violência que sofre”, resumiu.
O evento abordou também assuntos como a análise dos julgamentos de homicídio de mulheres pelo Tribunal do Júri e sobre o atendimento realizado pelas promotoras legais populares, que lidam diretamente com violência contra as mulheres nas periferias.