Marcha da Maconha reúne 4 mil em Brasília

Marcha da Maconha reúne 4 mil em Brasília

Santa Maria e mais quatro cidades terão manifestações pedindo a liberação da droga no domingo

Agência Brasil

Manifestantes fumaram durante a marcha e formaram o desenho de uma planta em frente ao Congresso

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A Marcha da Maconha ocupou nesta sexta-feira as ruas da região central de Brasília. São quatro mil pessoas, segundo a estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal, que reivindicam a legalização da maconha. "A gente quer colocar em pauta a legalização da maconha. Acreditamos que a legalização é um passo chave para o Brasil avançar na solução de uma série de outros problemas, como a repressão a comunidades pobres, a criminalização de movimentos sociais, entre outros", explica um dos organizadores da marcha em Brasília, Marcelo Pedroso.

O ato reúne ativistas, movimentos e coletivos. Entre eles, os coletivos CannaCerrado, Movimento pela Legalização da Maconha, Apologia, 4h20 horário de Brasília, SmokeBuddies e Flor & Cultura. Os manifestantes querem enfrentar o preconceito e o tabu que ainda cerca o debate sobre o tema. "Quem fuma maconha também estuda, trabalha", enfatiza a doutoranda em filosofia Constança Barahona.

Eles também comemoram avanços, como a regulamentação da produção, comercialização e uso da maconha em países como o Uruguai, o que consideram ter dado força ao movimento no Brasil, que defende que, com a legalização, haverá a redução da violência gerada pelo tráfico e a diminuição do número de presos por crimes associados ao uso da substância.

Para defender a causa, a estudante de filosofia Cecília Borges trouxe a filha, Mirra, de cinco meses. "Eu quero que ela cresça em um mundo onde haja liberdade de escolha e não em um lugar onde o é Estado que impõe [o que pode ou não ser feito]", diz.

No Congresso Nacional, pelo menos três iniciativas tratam do assunto. Uma delas, fruto de iniciativa popular, foi apresentada por meio do Portal e-Cidadania do Senado Federal, com 20 mil assinaturas. A proposta é que o uso da maconha seja regulamentado, como ocorre com outras drogas, como bebidas alcoólicas e cigarro. A sugestão está na Comissão de Direitos Humanos do Senado, sob relatoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Na Câmara, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) protocolou projeto (PL 7187/2014) que prevê a descriminalização do consumo, produção e comércio da maconha. Há também o PL 7187/2014, do deputado Eurico Júnior (PV-RJ), que trata do tema.

Esta semana, Cristovam Buarque divulgou estudo que mostra que a maconha ocupa o terceiro lugar em consumo de drogas no Brasil, atrás do álcool e cigarro. O relator também destaca que, de acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2013, a cannabis continua sendo a substância ilícita mais utilizada no mundo.

As marchas da maconha surgiram nos Estados Unidos, na década de 1990. No Brasil, são realizadas sobretudo no primeiro semestre, a partir do dia 20 de abril, que corresponde a 4/20 em formato estrangeiro de data, que é considerado o Dia da Maconha. Neste ano, várias atividades aconteceram simultaneamente no Rio de Janeiro e São Paulo. Já o mês de maio é tido pelos movimentos como o Maio Verde.

Nesta sexta-feira, os manifestantes marcharam até o Congresso Nacional, onde se posicionaram no gramado para formar o desenho de uma folha de maconha. Parte dos manifestantes compartilharam um grande cigarro de maconha durante a marcha. O protesto ainda voltará para o Museu Nacional, onde teve início. Às 19h haverá uma aula pública com o neurocientista Renato Malcher no local.

Pelo Facebook, mais de 16 mil pessoas confirmaram presença nas marchas, em pelo menos 16 cidades. No sábado, atos semelhantes ocorrem em Campo Grande e Nova Iguaçu. No domingo, em Fortaleza, Curitiba, Santa Maria (RS), Natal e Aracaju. A programação completa pode ser acessada no site da Marcha da Maconha.

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