Mercado Público sofre com escassez de produtos devido à paralisação dos caminhoneiros

Mercado Público sofre com escassez de produtos devido à paralisação dos caminhoneiros

Empresários têm usado camionetes próprias para reabastecer estabelecimentos

Henrique Massaro

Comerciantes do Mercado Público passam dificuldades para repor produtos

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A baixa na distribuição de produtos e serviços devido à greve dos caminhoneiros tem se mostrado presente também em um dos mais tradicionais pontos de comércio de Porto Alegre. No Mercado Público, vendedores reclamam da falta ou escassez dos itens que mantêm os negócios, além da baixa circulação de clientes nos estabelecimentos durante a paralisação que tem afetado diversas áreas país afora. Entre os principais prejudicados estão os açougues e peixarias.



“Eu trabalho há 11 anos nesse ramo e nunca vi tão parado”, disse Jonas dos Santos, funcionário de uma peixaria.

De acordo com ele, o estabelecimento só tem conseguido se manter porque dispõe de uma camionete, através da qual as mercadorias têm sido adquiridas junto a caminhoneiros que estão paralisados. Mesmo assim, os produtos não são garantidos em mesma quantidade de dias normais e, para piorar, os fregueses não têm comprado o pouco que há à disposição.

Ainda segundo o funcionário, é possível que o local nem abra as portas amanhã e sábado. Na peixaria da frente, a situação é parecida. Funcionários aguardam e chamam clientes para comprarem os peixes disponíveis em apenas um dos balcões, já que o outro está vazio.

“Todas as peixarias estão fechando ao meio-dia”, disse o funcionário Valtencir da Rosa, que também afirmou que as vendas caíram em cerca de 90% durante a greve dos caminhoneiros. Ainda segundo ele, apenas dez caixas do produto têm chegado ao local por dia.

Quando o assunto é carne vermelha, os problemas parecem ser semelhantes, mas dividem opiniões. Enquanto recebia uma entrega na manhã de quarta-feira, Rafael Sartori, proprietário de um açougue, disse que o estabelecimento tem sido fortemente afetado pela paralisação. Conforme ele, o local só tem conseguido diminuir as despesas pois garantiu entregas de carnes embaladas a vácuo, mas o produto fresco, carro-chefe do negócio, tem faltado. Ainda de acordo com ele, normalmente são recebidas cerca de duas toneladas por dia de fornecedores.

“Hoje, a gente briga por 100 quilos, 50 quilos”, comentou. No açougue ao lado, no entanto, conforme o sócio-gerente Alexandre Novo, apesar de a greve afetar o serviço, a situação não é considerada grave. Ainda conforme ele, houve uma queda no recebimento de carne, mas que já era imaginada.

“Sempre afeta um pouco, mas sempre se tem. Se não tivesse um público desesperado, teria carne para todo mundo”, disse o comerciante. Em uma frutaria, porém, o único problema é a falta de clientes em tempos de baixa circulação de pessoas no Centro Histórico. De acordo com um dos responsáveis no local, Esmael Tomasi, a chegada de produtos é sempre através de pequenos produtores que não utilizam caminhões. “Mercadoria teve, faltou foi freguês para comprar”, explicou.

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