Ministério Público do RS investiga suposto cartel de compra de resíduos animais

Ministério Público do RS investiga suposto cartel de compra de resíduos animais

Empresas estariam revendendo restos para fábricas que trabalham com produtos de higiene <br />

Correio do Povo

Ministério Público investiga suposto cartel de compra de resíduos animais

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O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRGS) deflagrou, na manhã desta terça-feira, uma operação para investigar um suposto cartel formado por três empresas - que atuam na região Sul do País - que compram resíduos de origem animal.

De acordo com a apuração da Promotoria de Justiça Especializada Criminal e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), 14 mandados de busca e apreensão ocorreram em empresas e residências nas cidades de Cruzeiro do Sul, Marau, Vila Maria, Putinga, Nova Bréscia, São José do Hortêncio, Novo Hamburgo, Canoas e Parobé, todas no RS, além de Concórdia (SC) e Curitiba (PR).

Conforme as investigações do MP, as empresas formariam um suposto cartel para compra de resíduos animais de frigoríficos - inicialmente no valor de 10 centavos ao quilo de ossos e sebos (de aves, suínos e bovinos) - para posterior venda de farinha de osso e farinha de carne para ração animal, óleos para indústria biodiesel e sebo, ou similares para fábricas que trabalha com produtos de higiene, como, detergente e sabão. De acordo com a legislação ambiental, por serem resíduos, as despesas precisam de descarte diferenciado. Com isso, a venda se tornava vantajosa e representava até 30% do faturamento dos frigoríficos.

Segundo as informações do MP, o suposto cartel ampliou o valor para 50 centavos - quando teriam entrado um grupo de frigoríficos neste negócio - e também a partir da fidelização dos clientes. Conforme as investigações, foi detectado que sete pessoas se reuniam para determinar as estratégias a serem adotadas pelas empresas como grupo. As informações da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) dão conta que a estimativa é de que a presença de cartéis elevava os preços dos produtos em 20%.

Pecuaristas são prejudicados

Os principais prejudicados são os pecuaristas, que acabam não recebendo pelo valor de ossos e vísceras na venda do boi inteiro, por exemplo, os frigoríficos, ao serem reféns das determinações de preço do suposto cartel, e o consumidor, que pode pagar mais caro pela carne caso seja reduzido o valor dos resíduos.

O Ministério Público investiga as empresas Faros Indústria de Farinha de Ossos (de Cruzeiro do Sul), em conjunto com a Sebo Mariense Ltda. (em Vila Maria), a Frigorífico Cason (Putinga), Agro Industrial Nova Bréscia (Nova Bréscia), Curtume Sulino (São José do Hortêncio), Sefar Indústria e Comércio de Farinha e Sebo Ltda (Parobé).

A maioria das empresas envolvidas atua no mercado internacional e apenas uma chega a comprar mil toneladas de resíduos em um único dia. O faturamento anual do setor no Rio Grande do Sul chega a R$ 800 milhões. Enquanto o pagamento variava entre 10 e 50 centavos por quilo ao longo dos últimos anos, a revenda é de R$ 1,5.

A reportagem do Correio do Povo entrou em contato com a Faros que preferiu não se pronunciar sobre o caso no momento; a Frigorífico Cason pretende largar uma nota oficial ainda nesta quarta-feira e a Sefar comunicou que vão comentar sobre o caso somente na quinta-feira. A reportagem tentou contato com a Curtume, mas não foi atendida e não conseguiu contato com setor jurídico da Sebo Mariense e da Agro Industrial Nova Bréscia.

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