Moradora alertou que prédio iria cair, diz vizinha
Porteiro resolveu ficar com família em Ipanema e escapou de tragédia na zona Oeste do Rio de Janeiro
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Vizinha aos dois prédios que desabaram na zona Oeste do Rio de Janeiro, Juliana Carvalho Moura contou que uma moradora do primeiro andar de uma das construções chegou a gritar para tentar alertar os vizinhos do desmoronamento iminente. "Eram umas 6h30min, e dava pra ouvir muitos estalos, barulho, e a mulher começou a gritar 'tá caindo, tá caindo, sai, vai cair'. Achei que era a ribanceira que estava caindo, mas era o prédio", contou.
Segundo Juliana, quando ela saiu de casa e chegou na rua, os dois prédios já tinham desabado. "Era uma nuvem branca de poeira, enorme, não dava pra enxergar nada", disse. A mulher relatou ainda que algumas pessoas podem ter conseguido escapar do desabamento saindo por trás dos edifícios, pela mata.
O porteiro José Carlos de Souza, de 49 anos, sua mulher e sua filha de 12 anos escaparam do desabamento dos prédios porque resolveram passar a noite em Ipanema, na zona Sul, no prédio onde ele trabalha. "A gente resolveu ficar por lá porque aqui estava tudo com muita lama desde a tempestade", explicou Souza, que comprou o apartamento por R$ 60 mil para poder sair da Rocinha, onde morava, muito afetada pela violência. Ele contou que comprou o imóvel ainda na construção e se mudou há três meses. "Mas eu tive sorte, muita sorte. Melhor que ter ganhado um prêmio. Porque a minha família estava comigo. O prêmio maior é a vida, né?", afirmou. "De perda material foi tudo, praticamente tudo. Saí da Rocinha por causa da violência, vim pra cá achando que era melhor. A gente vê o prédio pronto, bonito, mas não sabe como é a estrutura", argumentou.
Ao menos duas pessoas morreram no desabamento dos dois prédios. Outras sete vítimas ficaram feridas. Inclusive, uma delas, identificada como Dilma Rodrigues, teve de ser encaminhada às pressas para um hospital da região para passar por cirurgia.