Moradores da Lomba do Pinheiro voltam a protestar contra falta de água

Moradores da Lomba do Pinheiro voltam a protestar contra falta de água

Manifestantes bloquearam ruas com pedaços de madeira

Felipe B. Samuel

Moradores voltaram a protestar por falta de água

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Indignados com a falta de água na Lomba do Pinheiro, na zona Leste de Porto Alegre, moradores do bairro voltaram a protestar na tarde desta quinta-feira. Há quatro dias, os moradores reclamam de desabastecimento na região. Por volta das 15h30min, manifestantes voltaram a bloquear ruas e impedir acesso de veículos nas estradas São Francisco e Afonso Lourenço Mariante. Um grupo bloqueou as vias com pedaços de madeiras e obrigou motoristas a fazerem retorno.

Os moradores cobram desde o início da semana uma solução do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), que prometeu que a situação se normalizaria até a noite de terça-feira. O serralheiro Jonas Gabriel, 23, explica que os problemas no bairro são recorrentes, principalmente no verão. "Hoje recebemos água das 7h às 11h. Depois não tivemos mais nada. Imagina aguentar esse calor todo sem água", critica

Instalado no bairro há oito anos, Gabriel revela que os moradores criaram um grupo no aplicativo de conversas WhatsApp, chamado de "Faltou ou Voltou", para verificar em quais casas a água está chegando. "O pessoal não aguenta mais ficar sem água", afirma Gabriel, que mora com a irmã Ana Paulo, os sobrinhos Davi, 4, e Adriano, de apenas um ano, além de uma prima e da mãe. "Quando tem água, usamos a banheira para diminuir o calor para o Adriano. Mas com esse calor todo não tem como dormir", revela.

Mais do que a falta em várias partes do bairro, Gabriel alerta que a água, quando volta a sair das torneiras, vem com cor amarelada. "São quase cinco dias sem água, nesse vai e vem. E quando volta vem com essa cor amarelada. Não tá bom para beber", garante. Cientes das dificuldades para conseguir água, ele garante que a maioria dos moradores acorda antes das 5h para estocar garrafas de água. "É fundamental, ainda mais para quem tem crianças em casa", observa.

A diarista Inedina Martins Marins, 69, diz que os problemas na sua residência, na altura da parada 15 da Lomba do Pinheiro, têm mais de duas semanas. Mesmo com os problemas, ela garante que ainda tem condições de comprar um garrafão de água para beber e usar para lavar o rosto. Sem água na maior parte do tempo, aproveita para tomar banho no trabalho. "Não tem como lavar roupa, fazer comida, dar banho numa criança. E as crianças pequenas que fazem tudo em fralda? Não tem como lavar", alerta.

Inedina diz que as autoridades não fazem nada para resolver os problemas do bairro. Ela confirma que repete a rotina da maioria dos moradores: levanta durante a madrugada para verificar se sai água das torneiras. "A gente tem que passar acordada para juntar um pouquinho de água na madrugada e tomar banho no serviço. Eu ainda compro água mineral, mas muita gente que não tem condições de comprar uma bala para uma criança, imagina comprar água", compara.

Em nota, o Dmae esclarece aos moradores da Lomba do Pinheiro, que a baixa pressão e as intermitências no abastecimento que vêm ocorrendo nos últimos dias são decorrentes de problemas na turbidez da água no processo de tratamento na Estação Belém Novo ocorrido na segunda-feira e nessa madrugada, agravado pelas altas temperaturas que geram maior consumo de água.

O Departamento informa ainda que tem enviado caminhões-pipa para abastecer as áreas mais críticas nas pontas de rede. A região fica em ponta de sistema e altitude da cidade, faz parte das chamadas áreas críticas que são abastecidas pelo Sistema Belém Novo, que está no limite da sua capacidade, conforme divulgado pelo Departamento em dezembro.

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