Moradores da rua Gonçalo de Carvalho lutam pela preservação das árvores

Moradores da rua Gonçalo de Carvalho lutam pela preservação das árvores

Secretaria informou que nenhuma poda ou supressão de árvore é realizada de forma arbitrária


Cláudio Isaías

Moradores e voluntários lutam pela da preservação das espécies

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A rua Gonçalo de Carvalho, patrimônio ambiental de Porto Alegre, considerada a rua mais bonita do mundo pelo seu corredor de verde, está ameaçada pela derrubada das árvores. O alerta é da moradora Marlene Reich, que participa junto com outros moradores/voluntários da preservação das espécies plantadas há mais de 70 anos por imigrantes alemães que moravam na rua. Segundo ela, as Tipuanas estão sendo ameaçadas criminosamente com a poda e a derrubada das árvores de forma aleatória por biólogos e outros técnicos que avalizam o corte sem o devido conhecimento in loco dos reais problemas. "A consequência é que os troncos saudáveis de Tipuanas e Jacarándas são radicalmente arrancados", destacou. 

Marlene Reich diz que este fato vem acontecendo em ruas como a Ramiro Barcelos, André Puente, Gonçalo de Carvalho e outras via como mais recentemente aconteceu na rua 24 de outubro com a destruição de um Guapuruvu de 50 anos. Segundo Marlene Reich, a comunidade enviou a todos os órgãos que se dedicam a proteger o patrimônio verde um dossiê com fotos dos cortes e o respectivo laudo. "Precisamos conscientizar a todos, e tomarmos medidas que impeçam que crimes ambientais dessa natureza, propaguem-se assustadoramente, sem que os órgãos responsáveis se posicionem contra esses atos de vandalismo", ressaltou.

Já o coordenador do Distrito Criativo, de Porto Alegre, Jorge Piqué, destacou que é preciso que o poder público municipal mostre os critérios e apresente laudos muito bem justificados para realizar o corte ou a poda de uma árvores. "O Distrito Criativo entende que a preservação das árvores nas ruas é muito importante para a revitalização de uma região", acrescentou. Para Piqué, um ambiente bem cuidado ajuda os negócios de uma cidade. Uma moradora da rua Otavio Corrêa, no bairro Cidade Baixa, que pediu para não ser identificada, disse que o corte de uma araucária no dia 12 de outubro causou comoção na comunidade. "Estou há sete meses em isolamento social sem sair de casa. Essa árvore era o único verde que eu ficava olhando pela janela. Cheguei a dar graças a Deus que um dia alguém a plantou. Acompanhei os voos dos pássaros que por ali viviam. Ao contempla-la me sentia conectada com a natureza de algum modo. O corte foi uma tristeza", acrescentou.

Em nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) informou que nenhuma poda ou supressão de árvore é realizada de forma arbitrária, sem que exista uma análise técnica comprovando a necessidade do manejo. Esse acompanhamento é feito por biólogo ou engenheiro agrônomo vinculado à prefeitura. Como procedimento padrão para manejo em área particular (neste caso, a análise é realizada pela Smams, a solicitação deve ser realizada no portal de licenciamento (https://licenciamento.procempa.com.br/), que deve vir acompanhada de laudo do responsável técnico contratado pelo requerente e da respectiva anotação de responsabilidade técnica. Todas as ações são aplicadas em conformidade com a Lei Complementar 757/2015.

Segundo a secretaria, a autorização, tanto para poda quanto para supressão, vem acompanhada de algumas diretrizes. Por exemplo, a necessidade de que a execução do processo seja acompanhada por responsável técnico e que o local esteja devidamente sinalizado. Caso a população verifique irregularidades, é importante acionar a equipe de fiscalização pelo telefone 156, inclusive em finais de semana e feriados. 

Outra diretriz que precisa ser seguida pelo requerente em caso de supressão é a compensação, calculada de acordo com cada caso específico e podendo prever tanto o plantio de mudas nativas, de forma prioritária, quanto o pagamento de Certificado de Compensação por Transferência de Serviços Ambientais (CCTSA), com valores que são direcionados ao Fundo Pró Defesa do Meio Ambiente (Fumproamb) e destinados a novos plantios na cidade. 

Além disso, pela primeira vez em sua história, segundo a Smams, Porto Alegre está recebendo um plantio planejado e georreferenciado em suas áreas públicas. Busca-se a árvore certa para o local certo, com execução de canteiros permeáveis e que possuam dimensões compatíveis ao porte da árvore.


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