Moradores do bairro Auxiliadora sofrem com alagamentos após chuvas

Moradores do bairro Auxiliadora sofrem com alagamentos após chuvas

Grupo de vizinhos critica a Prefeitura por falta de manutenção na região

Felipe Samuel

Após chuvas, moradores do bairro Auxiliadora reclamam de falta de manutenção

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Toda vez que chove em Porto Alegre moradores e comerciantes do bairro Auxiliadora enfrentam os mesmos problemas: alagamentos, bueiros entupidos, calçadas com buracos, vias parcialmente bloqueadas e muita sujeira acumulada. Mais de 72 horas após as chuvas intensas que atingiram a cidade na última sexta-feira, eles ainda contabilizam os prejuízos provocados pelas chuvas e exigem providências da prefeitura para tapar as crateras que surgiram na região depois da chuvarada.

A Travessa dos Lanceiros Negros, que serve de passagem entre as ruas Mata Bacelar e a avenida Coronel Bordini, ainda apresentava os danos causados pela chuva nesta segunda-feira. Um bueiro, que integra a rede do Conduto Álvaro Chaves-Goethe, permanecia danificado e uma parte da calçada, que cedeu, seguia aberta. Os próprios moradores isolaram o local – que foi inaugurado em abril de 2015 – e colocaram galhos e madeiras no buraco de 1,5 metro de diâmetro para evitar acidentes. 

Gerente de uma floricultura instalada no trecho, Marlete Stephanini explica que muitas pessoas passam diariamente pelo local. Conforme Marlete, na sexta-feira, logo que perceberam que uma fenda se abriu na calçada, moradores acionaram o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), que prometeu uma solução em 48 horas. Nesta segunda, uma equipe Dmae vistoriou o local durante quatro minutos. Em seguida, foi embora. Até o final da tarde, os buracos permaneciam abertos.  

Marlete explica que o local representa um risco a pedestres: "Muita gente passa por aqui diariamente. As pessoas utilizam principalmente para trazer os cachorros para passear o tempo todo, as crianças vêm brincar e andar de bicicleta. Idosos vêm caminhar porque é um lugar que não tem trânsito de carros ou de motos", destaca. Ela ressalta que um terceiro buraco foi tapado recentemente, mas também já cedeu. "É um perigo. Não sabemos o que vai ser da próxima vez que chover com essa intensidade, pois se chover de novo do mesmo jeito desmorona de novo", alerta. 

Foto: Mauro Schaefer

Preocupada com as consequências da falta de manutenção do local, ela relata que o lixo sequer é retirado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). "O lixo não é retirado pela prefeitura, já ligamos várias vezes para o 156. Eles não passam. Nós que retiramos de toda travessa", frisa. Próximo da travessa na esquina das ruas Mata Bacelar e Xavier Ferreira, um contêiner foi levado para o outro lado da calçada em função do acúmulo de água e da força dos ventos. E lá permanecia.

Morador da rua Xavier Ferreira, por onde passa o conduto e historicamente há alagamentos, o policial civil João Marques afirma que os problemas são recorrentes e a estrutura da via, sempre que chove, apresenta afundamentos. "É uma obra que tem vários problemas. Como eu já sabia dos problemas de alagamento da rua, e que o conduto Álvaro Chaves teria problema, a arquiteta e o engenheiro à época me aconselharam a levantar a estrutura da obra (da casa) em 1,80m do meio fio da rua. Foi a solução encontrada para não haver alagamentos. Assim foi feito", ressalta.

Proprietários farão conserto

Os prédios em frente à casa de Marques, no entanto, não contam com a mesma estrutura. E os vizinhos, há anos, contabilizam as perdas resultado da invasão das águas nos apartamentos nos andares mais baixos. O jornalista José Walter de Castro Alves garante que os alagamentos ocorrem desde 2005. "Mais tarde deu alagamento e encheu as ruas Mata Bacelar e Xavier Ferreira, entrou 1,60m (de água) no meu apartamento, que é térreo, na Xavier. Perdemos tudo", lembra. "A prefeitura tem que dar uma resposta à população, tem que dizer quem é responsável e limpar o conduto, arrumar e consertar para evitar novos alagamentos", critica.

Gerente de um restaurante localizado na esquina da rua Mata Bacelar com a avenida Mariland, Anilson Carlos Maffe dos Santos já está cansado de esperar pelo conserto dos calçamentos que ficaram deteriorados em função dos alagamentos. "Em três anos é a segunda vez. Quando a enxurrada é forte, levanta as tampas com a pressão da água, que é muito forte, e o calçamento fica oco. Isso aconteceu sexta-feira. O proprietário vai fazer o conserto porque não esperam nada da prefeitura", destaca, lembrando que outro buraco está isolado na avenida Mariland.

Uma empresa contratada pelo proprietário do restaurante fazia orçamento para avaliar os estragos causados no piso nesta segunda. "Temos protocolo de um ano para limpar as bocas-de-lobo e eles não limpam. A gente tem um cara que vem, levanta as tampas e limpa. Falta manutenção, e isso ocorre em função do conduto Álvaro Chaves-Goethe, que passa por aqui", destaca. Desta vez os prejuízos devem chegar a R$ 3 mil. "Contratamos uma empreiteira para fazer reparos. A última vez que consertamos, gastamos R$ 1,8 mil." 

SMSUrb cita “sobrecarga pontual”

Em nota, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informa que o local foi vistoriado e não foram constatados problemas no Conduto Álvaro Chaves-Goethe. O que ocorreu foi uma sobrecarga pontual nas redes do local, causando algumas rupturas na rede pluvial. Lembrando que na última sexta-feira ocorreu uma chuva atípica, que quase atingiu 60 milímetros em menos de uma hora, sendo que a média histórica do mês de maio é de 94 milímetros. Equipes realizarão novas vistorias nesta semana para encaminhar a solução da demanda.


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