Moradores protestam após saírem de prédio ameaçado de desabamento em Porto Alegre

Moradores protestam após saírem de prédio ameaçado de desabamento em Porto Alegre

Famílias tiveram que desocupar às pressas os apartamentos no bairro Rubem Berta

Correio do Povo

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Um protesto é realizado neste sábado pelos moradores desalojados do bloco A da Quadra M do Loteamento Irmãos Marista, na rua Irmãos Maristas, 400, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. O medo de um desabamento do prédio de cinco andares fez com que 19 famílias, sendo 40 adultos e 22 crianças, tivessem de desocupar às pressas os apartamentos na noite de sexta-feira. Todos são oriundos da vila Nazaré que foram transferidos para a realização das obras de ampliação do Aeroporto Salgado Filho Porto Alegre.

Em entrevista à reportagem do Correio do Povo, a síndica da Quadra M, Elisângela Fernandes, 41 anos, desabafou que o medo é a perda dos imóveis por comprometimento da estrutura ou um desabamento em cima de todos. Ela recebeu a informação de que o problema seria pontual em um apartamento do segundo andar do bloco A. “Estamos muito preocupados. Querem dizer que aquelas rachaduras não são nada”, afirmou, assegurando que o imóvel balançou e surgiram rachaduras.

Elisângela Fernandes lembrou que as famílias estão “sem comida e sem dormir” desde a noite de sexta-feira. “Pegamos só roupas e documentos”, recordou. A Quadra M compõem-se dos Blocos A, B e C. A síndica, porém, declarou que problemas estão “em todas as quadras e blocos” do Loteamento Irmãos Maristas, que soma  em torno de 1.298 unidades. Ela citou rachaduras, queda de gesso, desalinhamento das portas e infiltração da água da chuva nas janelas, entre outros. “Não é somente em um apartamento...são vários”, garantiu, atribuindo o problema à qualidade da obra.


Foto: Alina Souza

Já a subsíndica do Bloco A, Bruna Paredes, 31 anos, recordou que a área onde foi erguido o loteamento era “um banhado com plantação de agrião”. Ela não descartou a possibilidade do terreno estar também cedendo. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, os moradores registraram os tremores. Nas imagens, os móveis se mexem dentro dos apartamentos e pessoas chegam a perder o equilíbrio.

Sobre o atendimento da ocorrência, o tenente Wagner Silveira da Silva, do 1° Batalhão dos Bombeiros Militar, avaliou que no local foi constatado o tremor da estrutura e rachaduras nas paredes. “Nós fomos acionados pelo telefone 193 porque, segundo os moradores, o prédio estava tremendo. Eles também relatavam que estavam escutando alguns estalos na estrutura. Quando os primeiros bombeiros chegaram ao local, constataram que as denúncias eram verdadeiras e começaram a evacuar o prédio”, relatou. Com a interdição, os moradores deixaram o local em duplas e levando os pertences essenciais. 

A Defesa Civil Municipal e a Prefeitura de Porto Alegre, além do 1º Batalhão de Bombeiros Militar e da Brigada Militar, foram mobilizados na ocorrência entre a noite de sexta-feira e madrugada deste sábado. Já as equipes da Defesa Civil e Departamento Municipal de Habitação (Demhab), além de técnicos da Caixa Econômica Federal e da construtora responsável pela obra, permanecem neste sábado no local para avaliar a situação. A segurança da área é realizada pela Guarda Municipal, enquanto a EPTC bloqueou os acessos ao trânsito.


Foto: Alina Souza

A Caixa Econômica Federal emitiu nota oficial no qual esclarece que “assim que foi notificada pela Defesa Civil sobre a remoção das famílias de um dos quatro blocos do residencial, encaminhou profissionais da equipe técnica, que estão no local, para avaliação da situação” e acionou a construtora para que tomasse as providências necessárias".

Ainda na noite de sexta-feira ao tomar conhecimento dos fatos, o prefeito Nelson Marchezan Júnior determinou que equipes fossem ao local e tomassem todas as medidas para proteção e auxílio às famílias atingidas. Conforme nota oficial divulgada, uma reunião virtual de emergência foi realizada na ocasião com a Defesa Civil, Demhab, Guarda Municipal, EPTC, Secretaria Municipal de Relações Institucionais e Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). 

Os responsáveis pela obra, tanto a Caixa Econômica Federal como a construtora, foram comunicados do problema. O diretor-geral do Demhab, Emerson Corrêa, esteve no loteamento e notificou ambas. Houve a solicitação de um laudo de estabilidade estrutural de todos os prédios do empreendimento. 

A Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) já foi mobilizada para atender as famílias que venham necessitar de abrigo por um tempo mais prolongado. Um levantamento de quantas pessoas necessitam de abrigo está sendo feito. 

Empreendimento

O contrato para a obra foi assinado pela construtora com a Caixa Econômica Federal em 2017. A Prefeitura de Porto Alegre cedeu o terreno, realizou obras de infraestrutura no local e firmou convênio com a Caixa para a construção das moradias pelo programa Minha Casa Minha Vida, entre casas e apartamentos. Cada unidade possui dois quartos, sala, cozinha e banheiro.

 


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