Morre avô com Alzheimer que decorou a letra do neto, músico de Porto Alegre
Conhecido como Vô Cabelo, idoso memorizou trechos da canção feita pelo seu neto Lucas Laypold e vídeo viralizou na internet
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Em 2019, o músico porto-alegrense Lucas Laypold, compôs uma música para seu avô, o Vô Cabelo, que mesmo enfrentando a doença de Alzheimer, já esquecendo o nome de alguns alimentos e não reconhecendo alguns familiares próximos, decorou a letra feita pelo neto. A música virou clipe, foi publicado no final do ano passado, viralizou e emocionou milhares na Internet. Na sexta-feira, dia 13, Laypold anunciou a morte do seu avô.
Toda renda obtida com a exibição do clipe da canção “Vê se não me esquece mais”, no YouTube, será doada à instituições que trabalhem diretamente nos cuidados ao paciente com a doença. “Muito obrigado por tudo meu avô. Obrigado por atender o meu pedido e não ter me esquecido até o último suspiro. Tu foi e pra sempre será luz pra tudo!”, disse o jovem em uma postagem no seu perfil no Instagram.
Conhecido pelo apelido, o músico de 21 anos nunca revelou o nome do vovô. Aos 71 anos, depois de 6 anos com a doença, o patriarca da família conseguiu decorar a letra de “Vê se não me esquece mais”. Laypold então postou a conquista no Instagram, no dia 27 de novembro do ano passado, causando uma enorme comoção. Depois foi feito um clipe, que foi publicado no YouTube, que já tem quase 8,7 milhões de visualizações na plataforma.
Em uma postagem no Instagram @laypold_oficial, ele o publicou uma foto do avô com asas de anjo acompanhado de um longo texto, onde valoriza os momentos com o Vô Cabelo, bem como um pouco das lições que ficam. “Eu acho que o maior legado que meu avô deixou, é que a gente não pode deixar se fazer pela tristeza. Tentar dar um sorriso mesmo nos momentos mais tristes. Tenho certeza que é isso que meu avô deixou, que é a felicidade. Com certeza é o momento mais triste da minha vida. Mas estou contente por ter vivido momentos felizes com ele”, descreve o músico.
Laypold espera que sua história faça com que as pessoas tenham mais amor e empatia, além de dar uma atenção especial à questão da doença de Alzheimer. “É muito difícil ver as pessoas não te reconhecendo, não querendo comer. Acredito que muita gente que não tinha ninguém na família assim, já estarão se importando”, espera o jovem.
Para fazer jus ao avô, o músico já está preparando uma homenagem, que será publicada nesta segunda-feira, Dia Mundial do Alzheimer, à noite, nas suas redes sociais. Não será ao vivo, mas será uma produção envolvendo vários artistas, adianta. Também disse que o dinheiro arrecadado com a música recordada pelo Vô Cabelo está sendo reunido e será destinado a uma instituição de Porto Alegre no próximo mês. “Como o dinheiro do Spotify é recebido em dólar e demora para chegar, preferimos aguardar mais um tempo para reunir os recursos e fazer uma doação maior”, explica. A entidade e a data mais exata da doação serão divulgadas mais perto da data em que ocorrer.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica, em que o paciente que é diagnosticado com ela vai perdendo, aos poucos, certas funções do cérebro, que provocam esquecimento até mesmo de atividades que acabaram de acontecer, como não reconhecer pessoas, nem os locais familiares, perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosas, mudanças de humor e alteração na personalidade. De forma resumida, a progressão do Alzheimer pode levar de 8 a 12 anos e atinge os pacientes de mais idade, geralmente com mais de 65 anos.
