Mortes pela Covid-19 crescem mais de 50% em duas semanas no RS

Mortes pela Covid-19 crescem mais de 50% em duas semanas no RS

No período de 23 de junho a 7 de julho, Rio Grande do Sul registrou 271 óbitos pela doença

Felipe Samuel

Porto Alegre tem tido um crescimento constante nas internações de pacientes confirmados da Covid-19

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Apesar das medidas de restrição anunciadas pelo governo gaúcho a partir da adoção do modelo de distanciamento controlado, em duas semanas, de 23 de junho a 7 de julho, o número de mortes no Rio Grande do Sul passou de 522 para 793, de acordo com banco de dados Painel Coronavírus, da Secretaria Estadual de Saúde (SES). As 271 mortes registradas no período representam um crescimento de 51,92%. Os dados refletem o avanço do novo coronavírus e o aumento de vítimas fatais em várias cidades.

A propagação da Covid-19 e a necessidade de leitos de UTI para atender à demanda, principalmente na Capital e na Região Metropolitana, deixaram o Palácio Piratini em alerta. Com mais de 35,5 mil casos confirmados, dos quais 30,1 mil recuperados, a ocupação de leitos de UTI adulto atingiu a maior taxa em 7 de julho: 73,9%. Na data, representava 1.640 leitos ocupados de um total de 2.220 em todo RS. Importante observar que o número total oscila conforme vão abrindo novos leitos. Ao todo 428 municípios já registraram casos da doença, o que representa 86% do total de 497.

Desde início da pandemia, 332 mortes foram contabilizadas em 15 municípios das regiões Metropolitana, Central, Planalto, Missões e da Serra e representam 41,86% do total acumulado até 7 de julho. Excetuando Porto Alegre, que somava 137 mortes até a data, as cidades que registraram maior número de óbitos são: Passo Fundo (47), Bento Gonçalves (38), Novo Hamburgo (37), Canoas (30), Caxias do Sul (23), São Leopoldo (23), Lajeado (22), Viamão (20), Santa Maria (18), Santo Ângelo (17), Gravataí (16), Alvorada (14), Esteio (14) e Sapucaia do Sul (13).

Apesar de 40,5% dos leitos de UTIs atualmente serem ocupados por pacientes suspeitos ou que testaram positivo para a Covid-19, o governador Eduardo Leite destaca que 85% dos casos confirmados são de pessoas que se recuperaram da doença. Mesmo com o avanço do novo coronavírus, Leite descartou a possibilidade de lockdown (fechamento total) no Estado, a exemplo do que garantiu a coordenadora do Comitê de Dados do governo, Leany Lemos, na semana passada. Ele reforçou, no entanto, que prefeitos têm autonomia para serem mais restritivos do que governo.

"O governo do Estado tem um protocolo consistente, com análise de indicadores robustos, que nos dão a leitura do nível de risco de cada uma das regiões. E nós precisamos estabelecer a conciliação entre a proteção à vida e à saúde e manutenção da atividade econômica, que também atinge a vida das pessoas. As pessoas têm necessidade de seus empregos, de renda para alimentar e cuidar de seus familiares com a renda que obtêm nos seus trabalhos. Precisamos fazer essa conciliação", observa.

Ao citar o modelo de distanciamento controlado como exemplo para garantir equilíbrio entre atividade econômica e preservação de vidas, o governador defendeu uma posição ponderada. "Não se trata de ou abre tudo para que a economia prevaleça ou fecha tudo para que o vírus não circule. Não é possível fechar tudo e não é possível permitir tudo aberto sem protocolos", afirmou. Leite garantiu que o caminho adotado pelo o RS representa "sucesso" na luta contra a Covid-19. "Centenas ou milhares de vidas foram poupadas por conta do modelo que nós temos consistente de distanciamento controlado. Milhares de empregos foram poupados também porque aqui a economia foi menos atingida do que outros locais", comparou.

Questionada sobre os números, a SES informa que não vai fazer projeções ou analisar diariamente mortes e taxas de ocupação de leitos. O Comitê de Dados do governo também não se manifestou.


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