Motoristas cadastrados em aplicativos se mobilizam para o Uber Off

Motoristas cadastrados em aplicativos se mobilizam para o Uber Off

Empresa diz não ter registrado impacto significativos no serviço

Christian Bueller

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Por meio das redes sociais, motoristas cadastrados em aplicativos de todo o Brasil buscaram se mobilizar para o Uber Off, movimento mundial de paralisação por um dia das atividades. Organizado principalmente por condutores de Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, o objetivo é pressionar as empresas a melhorar as condições oferecidas aos prestadores de serviço. Por conta disso, os preços das corridas em Porto Alegre chegaram a aumentar em até 50% pelo aplicativo nesta quarta.

Por exemplo, uma viagem às 14h do Centro Histórico até a Arena do Grêmio, no bairro Humaitá, que costuma custar R$ 13,13 pelo Uber, estava a R$ 30,33. Pelo 99POP, o mesmo trajeto custava praticamente a metade, R$ 15,90, com taxa dinâmica a 1.2x. Já no Cabify, a corrida custou R$ 17,72. No RS, a causa é ainda mais debatida devido aos recentes homicídios a profissionais durante o trabalho. Havia, inclusive, a possibilidade de um protesto em frente a sede da Uber em Porto Alegre, o que não ocorreu. “Fizemos uma manifestação no enterro do nosso colega na terça-feira (Luis Fernando Rodrigues Dorneles foi morto dentro do carro na segunda-feira). Hoje o pessoal desligou os aplicativos pelo Uber Off. Nós, enquanto associação, apoiamos aos motoristas”, explicou o presidente da Associação da Liga dos Motoristas de Aplicativos (Alma-RS), Joe Moraes.

Se, nos EUA, a paralisação nasceu em virtude das negociações das ações da Uber na Bolsa de Nova York, por aqui, a questão é mais direta. “Estou parado desde esta última morte em Alvorada. Pretendia voltar a trabalhar à noite, mas com que condições?”, questiona o motorista de aplicativo Joni Braun. Comerciante, utiliza as corridas como complemento financeiro, mas admite que o medo que ronda boa parte dos colegas já chegou em sua casa. “Para quem encontrou o aplicativo como alternativa, a sensação é a seguinte: no momento em que vamos para atrás do volante, engatilhamos uma arma na tua cabeça e só desengatilhamos quando voltamos para nossas famílias”, revela Joni, que sugere a biometria, tanto aos motoristas quanto aos passageiros, como uma forma de inibir os crimes. Não são todos, no entanto, que desligaram seus aplicativos. Neider Chagas decidiu que não pararia. “Vou estar na rua, tenho conta para pagar. Geralmente 20%, 25% dos colegas que paralisam”, chuta o motorista.

Nem mesmo a própria empresa tem controle ou aferição sobre quantos profissionais cadastrados deixaram de trabalhar por conta do Uber Off. Segundo a assessoria de imprensa, há motoristas que desligam por conta por causa de compromissos pessoais ou imprevistos e não registrou impactos significativos no serviço.


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