Número de caminhões brasileiros presos na Nevasca do Chile chega a 300, garante Fecam-RS

Número de caminhões brasileiros presos na Nevasca do Chile chega a 300, garante Fecam-RS

Região ainda conta com mais 500 veículos nacionais paralisados nas proximidades do local

Felipe Samuel

Nevasca atinge a fronteira entre Argentina e Chile

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A nevasca que atinge a fronteira entre Argentina e Chile, desde sábado, impede o trânsito de turistas e de centenas de caminhoneiros brasileiros, que já projetam perdas por conta da paralisação. Em razão da neve, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do RS (Fecam-RS) afirma que 300 caminhões seguem presos no local. E o cenário deve piorar, uma vez que a previsão do Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) aponta que as nevascas serão frequentes nos próximos dias em grande parte da Cordilheira dos Andes.

Diretor da Fecam e presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens de Uruguaiana (Sindicam), Pedro Paulo da Rosa Dutra afirma que todos estão parados na estrada. “O prejuízo do nosso pessoal é incalculável”, destaca, acrescentando que os caminhoneiros contam com a ajuda do governo chileno. Conforme Dutra cidades fronteiriças, como Foz do Iguaçu (PR) e São Borja (RS), também relatam impacto da paralisação nas rodovias. “A carga para o Chile não está indo, não está sendo nem executada, porque não adianta botar as cargas em cima dos caminhões para ficarem parados no trajeto”, frisa.

Segundo Dutra, nos arredores da região atingida pela nevasca, outro 500 caminhoneiros seguem presos. “Deve ter na fronteira entre os que estão paralisados dentro do problema em si, no local da nevasca, entre 300 e 280 caminhões. E fora deve ter mais uns 500. Tudo do Brasil”, observa, acrescentando que em média, por dia, cerca de 400 caminhões partem do Brasil em direção ao Chile. “Tem muita gente que está recolhida em quartéis”, frisa.

Foto: Divulgação / Paso Cristo Redentor 

"O Exército chileno salvou a vida de 295 caminhoneiros", relata gaúcho preso em nevasca

O gaúcho Márcio Rodrigues Alves, 41, viveu momentos de tensão desde o início da nevasca que atinge a fronteira do Chile. Após entregar uma carga de folha de ofício em Santiago, Alves retornava no sábado para Uruguaiana quando a neve o impediu de seguir o trajeto pela Cordilheira dos Andes. Sem poder sair da região, se abrigou no caminhão à espera de ajuda. E o socorro chegou pelas mãos do Exército chileno, que acudiu Alves e outros 294 caminhoneiros.

Na madrugada de segunda-feira, por volta das 5h, Alvez acordou com berros e alertas dos militares, que batiam nas portas dos caminhões para tirar os motoristas do local. A ação dos militares foi decisiva e impediu o pior. “Foi um momento de muita tensão. Saí do caminhão com ajuda do exército, porque minhas pernas estavam congeladas por conta do frio", relata. “O exército chileno salvou vida 295 caminhoneiros”, completa.

Foto: Arquivo Pessoal / CP

Ele lembra que previsão do tempo para sábado era de tempo bom para subir a Cordilheira dos Andes, mas por volta das 14h o sol desapareceu. “Começou um temporal de vento muito forte. Ficamos soterrados na neve, aguentamos nos caminhões por dois dias e passamos muito frio”, recorda. Conforme Alves, as laterais do veículo acumulavam um metro de neve. ”Acabaríamos sendo atingidos pela avalanche”, acrescenta.

Desde 2006, Alves - que é natural de Jaguarão - faz a chamada linha do Mercosul, entre Argentina, Chile e Uruguai. A expectativa agora é retornar para a casa e reencontrar a esposa Aline. “O exército chileno informou que a previsão é de abrir sol a partir de sábado, mas não acredito nisso por experiência própria. Não acredito que vamos conseguir seguir viagem no sábado, porque ainda temos que descongelar todos os caminhões”, afirma.


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