Número de passageiros no RS cai 18,3% nos últimos quatro anos

Número de passageiros no RS cai 18,3% nos últimos quatro anos

Em Porto Alegre, queda representa cerca de 3 milhões de passageiros a menos no transporte público

Henrique Massaro

Número de passageiros caiu no RS e em Porto Alegre nos últimos anos

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Nos últimos quatro anos, o número de usuários de transporte coletivo urbano do Rio Grande do Sul caiu o equivalente a 18,3%. Somente em Porto Alegre, a queda chegou a 17,8%, o que representa 3.058.172 passagens de ônibus a menos. Em municípios da Região Metropolitana (RMPA) como Viamão e Gravataí esta redução chegou a 46% e 36,8%, respectivamente. Os dados são referentes a um estudo divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS), que realizou um diagnóstico do sistema em municípios gaúchos. A última pesquisa nos mesmos moldes havia sido produzida no ano de 2015.

No Interior, as maiores perdas foram nos municípios de Campo Bom e Vacaria, que, respectivamente, tiveram redução de 42% e 39,6% nos últimos quatro anos. Em Caxias do Sul, a diminuição do número de usuários também chamou atenção, ficando em 25,4%. Na RMPA, além de Viamão e Gravataí, Guaíba apresentou queda de 33,2%, seguido de São Leopoldo (26%) e Alvorada (21,6%). Houve, no entanto, cidades em que as alterações no período não foram tão significativas, como Pelotas, com redução de somente 0,47%, e Canoas, 3,41%.

“Essas reduções expressivas têm alguns fatores bem localizados”, explica o auditor Aírton Rehbein, que coordenou o estudo. De acordo com ele, o primeiro deles é o advento dos transportes de aplicativos, que vem a se somar à crise econômica que atinge o Brasil nos últimos anos. Com o elevado nível de desemprego, por exemplo, muitos passageiros que utilizavam ônibus com vale-transporte acabaram deixando o sistema. O auditor cita ainda o surgimento de veículos alternativos como patinetes e bicicletas por compartilhamento, além do aumento de quilômetros de ciclovias nas cidades como fatores que influenciaram a redução. “É uma perda que não é só localizada no Estado, é nível Brasil.”

Ele cita, no entanto, que Porto Alegre tem uma queda menos significativa que a dos municípios do Interior e até de outras capitais brasileiras em função da territorialidade. Isso porque a maioria dos usuários que precisa do transporte coletivo mora mais distante da região central da cidade, o que faz com que, em função do preço, eles não consigam substituir o ônibus por transporte por aplicativos como ocorre intensamente em bairros mais próximos do Centro.

Porto Alegre tem também um maior indicador de aproveitamento do transporte coletivo, que representa a relação de passageiros equivalentes com a população dos municípios. No estudo do TCE, a Capital ficou com um índice de 9,6 enquanto que três grandes municípios da Região Metropolitana – Viamão, Alvorada e Gravataí – ficaram com 1,1, 1,6 e 1,3, respectivamente. Conforme o diagnóstico, o indicador é impactado pelas características de cidades dormitórios em relação a Porto Alegre com uso intensivo de transporte metropolitano.

A edição 2019 do Diagnóstico do Transporte Coletivo Urbano por Ônibus no Estado do Rio Grande do Sul levou em conta 88 municípios com população de mais de 25 mil habitantes, sendo que nove deles declararam não disponibilizar o transporte. Os outros 79 integraram efetivamente o estudo, 95% delegam o serviço ao setor privado, e os 5% restantes têm diferentes situações como no caso de Porto Alegre que tem operação pelo setor privado e por empresa constituída pelo Município. O questionário foi realizado de forma eletrônica entre julho e agosto deste ano. Todo o material pode ser conferido no site do TCE.

Municípios com tarifa mais elevada tiveram maior queda

O TCE-RS verificou que as tarifas entre os municípios variam significativamente, indo de R$ 2,00 até R$ 4,80. Enquanto que, em Porto Alegre, o valor está em R$ 4,70, os municípios de Viamão e Gravataí, que tiveram as maiores quedas no número de passageiros nos últimos quatro anos, têm a tarifa mais elevada. Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Erechim, na região do Alto Uruguai, tem o menor valor: R$ 3,40. O estudo observa que o valor da tarifa média acompanha o crescimento das faixas populacionais. Para municípios com mais de 100 mil habitantes, a média fica em R$ 4,12. Nos locais entre 50 mil e 100 mil habitantes, este custo é de R$ 3,54, enquanto que R$ 3,21 é a média para as cidades com faixa populacional entre 25 mil e 50 mil habitantes.

No período de quatro anos, o reajuste tarifário foi mais significativo em Canoas, Uruguaiana e Gravataí – respectivamente 76,92%, 75%, e 74,55% –, enquanto que Pelotas teve o menor reajuste: 34,55%. Entre os menores, o levantamento destaca os reajustes de Rio Grande, Bento Gonçalves, Porto Alegre e Novo Hamburgo, com 40,00%, 41,82%, 44,62% e 45,28%. Todos eles ficaram abaixo da média dos reajustes, que é de 55,43%.

O coordenador da pesquisa cita a Capital como destaque porque, enquanto municípios com população acima de 100 mil habitantes tiveram aumento médio de 56,7%, Porto Alegre especificamente teve acréscimo de 44,6%. Há que se considerar, diz, que quanto maior o município, a tendência é que a tarifa fique mais cara. “Entendemos como resultado positivo, observamos que conseguiram fazer um controle bastante forte na tarifa”, comenta Rehbein. O auditor cita fatores decisivos como as reduções de gratuidade de 32% para 30,7% e as alterações na segunda passagem.


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