No Brasil, 60% dos casos de sífilis se concentram em 100 cidades

No Brasil, 60% dos casos de sífilis se concentram em 100 cidades

Doze municípios do RS receberão reforço para conter avanço da doença

Correio do Povo

Doença tem tratamento, mas pode provocar sintomas graves se não for controlada

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Para conter o avanço da sífilis no país, governo federal, estados e municípios vão intensificar ações de prevenção, diagnóstico e tratamento. A estratégia, chamada de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção, foi pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Serão priorizadas 100 cidades, que concentram 60% dos casos da doença e receberão R$ 200 milhões garantidos no orçamento do Ministério da Saúde por emenda parlamentar.

Doze destes municípios que ganharão reforço contra a sífilis estão no Rio Grande do Sul. São eles: Porto Alegre, Canoas, Viamão, Passo Fundo, Santa Maria, São Leopoldo, Rio Grande, Caxias do Sul, Alvorada, Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves e Sapucaia do Sul.

Ao anunciar a agenda, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, enfatizou que a ampliação do diagnóstico e do tratamento é fundamental para reduzir os índices da doença. “Garantimos o abastecimento dos municípios com a penicilina e ampliamos também a oferta dos testes. Mas ainda é necessária uma mudança no comportamento dos profissionais de saúde e também da população”, explicou.

Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) trabalharão de forma integrada para fortalecer diagnóstico, vigilância epidemiológica, tratamento, assistência, pesquisa e comunicação. O Ministério da Saúde assumiu a compra centralizada da penicilina. Foram destinados R$ 13,5 milhões para a aquisição de 2,5 milhões de ampolas de penicilina benzatina, para o tratamento da sífilis adquirida e em gestantes, além de 450 mil ampolas da penicilina cristalina, para tratar a doença em bebês. A quantidade garantirá o abastecimento da rede pública até 2019.

Na ampliação e qualificação do diagnóstico, uma das ações do plano é o aumento da testagem, principalmente nas grávidas. Isso porque a identificação ainda no primeiro trimestre da gestação e o tratamento adequado impedem a transmissão da doença da mãe para o bebê. Neste ano, até setembro, o Ministério da Saúde enviou mais de 6,3 milhões de testes de sífilis, crescimento de 33,7% em relação a 2016 (4,7 milhões).

Deste total, 2,3 milhões especificamente para a Rede Cegonha, 56% a mais do que os 1,5 milhão distribuídos no ano passado. “Quanto mais nós diagnosticamos gestantes com sífilis, menos crianças nascem com a doença. Portanto, precisamos que o pré-natal seja qualificado, para os serviços de saúde tratem as gestantes e assim haja redução da transmissão de mãe para filho”, completou o ministro.

Também para qualificar a vigilância, haverá ampliação dos Comitês para Investigação da Transmissão Vertical e fortalecimento das Salas de Situação em estados e municípios para o monitoramento da situação epidemiológica. Além de assegurar a penicilina para a ampliação do tratamento, o plano prevê implantação de linhas de cuidado para a sífilis com acompanhamento de crianças expostas a doença e também com intervenção em populações chave, como gays e outros homens que fazem sexo com homens, travestis e profissionais do sexo. No eixo de pesquisa e comunicação, está prevista a realização de campanhas educativas durante todo o ano e incentivos para desenvolvimento de estudos e pesquisas voltados para o enfrentamento e monitoramento da doença.

Boletim epidemiológico

Todos os tipos de sífilis - adulto, em gestantes e congênita (em bebês) - são de notificação obrigatória no país há pelo menos cinco anos. Segundo dados do Boletim Epidemiológico de 2017, entre 2015 e 2016, a sífilis adquirida teve um aumento de 27,9%; a sífilis em gestantes de 14,7% e a congênita de 4,7%.

Em 2016, foram registrados 87.593 casos de sífilis adquirida em todo o país, com taxa de detecção de 42,5 casos por 100 mil habitantes. Já em gestantes, a taxa de detecção da sífilis foi de 12,4 casos a cada 1.000 nascidos vivos, considerando o total de 37.436 casos da doença. Com relação à sífilis congênita (em bebês), ano passado foram notificados 20.474 casos da doença, uma taxa de incidência de 6,8 por 1.000 nascidos vivos.

O novo boletim já aponta que 37% das mulheres grávidas com sífilis conseguiram realizar o diagnóstico precocemente. Em 2015, a porcentagem foi de 32,2%. Esse aumento foi possível devido à ampliação da testagem durante o pré-natal. Para a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, Adele Benzaken, o aumento nos índices significa uma melhora na identificação da doença. “Isso quer dizer que estamos conseguindo chamar os parceiros sexuais das gestantes para a testagem e para o tratamento, e que a população adulta está buscando os serviços de saúde para fazer o teste. Então essa questão de aumento quer dizer que a cobertura da testagem está aumentando. A gente espera que, assim, por consequência, haja uma redução da sífilis congênita”, avaliou Adele.

Campanha


Para incentivar a testes em grávidas e seus parceiros sexuais, o Ministério da Saúde lançou uma nova campanha que será veiculada na internet. O público-alvo são os jovens até 35 anos, casais e gestantes. O objetivo é alertar para a importância do diagnostico precoce que possibilita o tratamento adequado e diminuição da mortalidade em bebês.
Com os slogans - “faça o teste de sífilis, proteja o seu futuro” e “faça o teste de sífilis, proteja o seu futuro e de seu filho” - a campanha contém vídeo para internet e material para as mídias sociais, além de cartazes e folders que serão distribuídos aos estados.

Nas redes sociais, a campanha ganhou uma aliada. Recém-mãe, a atriz Sheron Menezes, que fez o teste de sífilis no início do pré-natal, tirou uma foto momentos antes de dar a luz ao Benjamin e lembrou que cuidar da saúde é garantir o futuro de um filho.

*O texto foi atualizado às 23h39min.


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