OMS investiga gestão global da pandemia que já deixa quatro milhões de casos no Brasil

OMS investiga gestão global da pandemia que já deixa quatro milhões de casos no Brasil

Especialistas avaliarão principalmente a eficácia das medidas tomadas pelos países e pela OMS em face da Covid-19

AFP

Os dados brasileiros lembram o manejo caótico da crise de saúde no país

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O Brasil ultrapassará quatro milhões de casos da Covid-19 desde o início da pandemia, cuja gestão global por governos é objeto de investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde esta quinta-feira. Com 212 milhões de habitantes, o país registrou 3.997.865 infecções por coronavírus e 123.780 mortes até quarta-feira, tornando-se o segundo mais afetado pela epidemia, atrás apenas dos Estados Unidos.

Depois de vários meses em um patamar com uma média diária de mais de 1.000 mortes, o país teve uma pequena queda desde o final de agosto e registrou uma média de 874 mortes e cerca de 40.000 infecções por dia na última semana. O Ministério da Saúde brasileiro afirma que os números revelam uma "queda" na curva, mas especialistas independentes sugerem cautela.

Os dados do Brasil lembram o manejo caótico da crise de saúde no país, marcada por desentendimentos entre os governadores a favor de medidas de isolamento social para conter infecções e o presidente Jair Bolsonaro, que os critica pelo forte impacto econômico.

Um comitê independente

A gestão de uma pandemia que infectou 26 milhões de pessoas e matou mais de 864.000 em todo o mundo, sobrecarregou os sistemas de saúde de muitos países e afundou a economia global, levanta todos os tipos de críticas contra os líderes de governos e os chefes de instituições internacionais.

Na esperança de melhor evitar ou lidar com uma nova pandemia, a OMS anunciou nesta quinta-feira o início de uma investigação independente sobre a gestão global da crise.

Os especialistas, que apresentarão um primeiro relatório em outubro antes do documento final em maio do ano que vem, avaliarão principalmente a eficácia das medidas tomadas pelos países e pela OMS em face da Covid-19.

A organização global, amplamente criticada por sua própria resposta durante a epidemia, prometeu acesso total aos seus documentos. "A OMS deixou claro para nós que seus arquivos são um livro aberto. O que quisermos ver, podemos fazer", disse a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark, que presidirá o comitê de avaliação com a ex-presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.

O plano de resgate francês

As medidas de quarentena e as restrições impostas para conter as infecções têm causado um desastre econômico que se reflete a cada dia com a publicação de novos dados.

Os Estados Unidos, o país mais atingido pelo coronavírus em mortes e casos, registrou 881.000 novos pedidos de seguro-desemprego na semana encerrada em 29 de agosto, de acordo com dados oficiais divulgados quinta-feira. Os dados são um pouco melhores do que os analistas antecipavam, mas o número de desempregados no país ultrapassou 13 milhões de pessoas na semana de 16 a 22 de agosto.

Para reanimar sua economia, o governo francês anunciou um plano de resgate "histórico" de 100 bilhões de euros (US$ 120 bilhões) em dois anos. Este pacote, uma combinação de gastos e incentivos fiscais, é quatro vezes o valor que a França gastou há mais de uma década para enfrentar a crise financeira global e representa um terço de seu orçamento anual.

A injeção de dinheiro terá como foco, acima de tudo, salvar empregos e evitar demissões em massa em empresas em dificuldade neste outono.

A esperança de um tratamento melhor

O continente asiático ultrapassou na quinta-feira o limite de 100.000 mortes por Covid-19 desde a descoberta da doença em dezembro na China, de acordo com uma contagem da AFP preparada com fontes oficiais.

A Índia é o país mais afetado com quase três quartos das mortes registradas na região (67.376 mortes de 3.853.406 casos), seguida por Indonésia (7.616 mortes, 180.646 casos) e Paquistão (6.328 mortes, 297.014 casos).

A América Latina e o Caribe continuam sendo a região com mais infecções (mais de 7,5 milhões) e com mais mortes, superando as 283.200 mortes pelo vírus.

A esperança de tratar melhor a doença veio do Reino Unido na quinta-feira, onde um estudo mostrou que a hidrocortisona, um esteróide de baixo custo, reduz o risco de morte em cerca de 20% em pacientes com formas graves de Covid-19.

A hidrocortisona, um anti-inflamatório amplamente usado, aumenta "as chances de sobrevivência", mas também "acelera a recuperação" de pacientes que sofrem das formas mais graves da doença, disse à AFP nesta quinta-feira Anthony Gordon, pesquisador do Imperial College London e diretor da equipe britânica envolvida neste estudo internacional.

O objetivo continua sendo, no entanto, uma vacina que impeça a pandemia. O laboratório francês Sanofi e a britânica GSK iniciaram os ensaios clínicos em humanos de seu modelo, após testes preliminares "promissores", anunciou a empresa francesa em nota.


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