ONS indica duas causas climáticas para apagão

ONS indica duas causas climáticas para apagão

Descargas atmosféricas e chuvas acompanhadas de ventos podem ter causado curto-circuito simultâneo

AE

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Duas hipóteses relacionadas ao clima foram as causas encontradas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para explicar o apagão ocorrido na semana passada. Uma delas sugere descargas atmosféricas sobre as linhas de transmissão entre Ivaiporã (PR) e Itaberá (SP). A outra considera chuvas e ventos que poderiam ter atingido o isolamento dessas linhas de transmissão, o que provocou um curto-circuito simultâneo, reduzindo sua capacidade de suportar a tensão.

Segundo o ONS, esses curtos-circuitos são comuns no sistema, mas nunca ocorreram simultaneamente. Desde 2000, por exemplo, já ocorreram nove curtos triplos (em três linhas), porém com mais de dois ou três segundos entre eles, o que impediu maior amplitude do problema. De acordo com o ONS, a queda simultânea das linhas foi facilitada porque o incidente ocorreu muito próximo da subestação onde elas convergem.

As duas hipóteses são análises preliminares que vão constar do Relatório de Análise de Perturbação (RAP) preparado por técnicos do ONS, e que deverá ser entregue à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo o diretor geral do ONS, Hermes Chipp, o relatório só estará devidamente concluído na segunda-feira e só será divulgado após a próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, ainda não agendada.

Em entrevista coletiva concedida hoje, Chipp criticou o posicionamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que havia negado a existência de intempéries climáticas no dia do apagão. "Acho que o Inpe deve cuidar das condições climáticas. Os efeitos disso quem cuida somos nós. Acho que as consequências para o setor elétrico são de responsabilidade do setor elétrico. Não discuto as declarações do Inpe e espero que eles façam o mesmo", disse.

Chipp também lembrou que já é procedimento do ONS reduzir a carga de Itaipu quando o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) indica intempéries climáticas ao longo da linha de transmissão para evitar problemas como o que provocou o apagão. Naquele mesmo dia, ele admitiu que houve um aviso deste tipo, a carga foi reduzida, mas houve a sinalização de que o clima já teria melhorado, quando a carga foi restabelecida no início da noite. "Depois disso não tivemos mais aviso nenhum", disse. Indagado sobre a possibilidade de ter ocorrido falha na interpretação das condições climáticas por parte do instituto, ligado à Universidade Federal do Paraná (UFPR), Chipp esquivou-se: "Isso você tem que perguntar para eles".

O diretor do ONS também descartou qualquer possibilidade de ter ocorrido falha técnica ou humana que pudesse ter provocado o apagão. "Confiamos na manutenção e na substituição dos equipamentos que vinha sendo feita por Furnas. Mas quem tem que fiscalizar isso é a Aneel e não o ONS", afirmou.

Ele destacou que o relatório que está sendo preparado visa a buscar alternativas para evitar este problema futuramente. "Mais do que as causas, buscamos formas de minimizar os efeitos", disse, afirmando, porém, que não havia nada que pudesse ter sido feito para evitar o ocorrido. "Qualquer medida seria antieconômica", destacou.

Chipp afirmou que o Brasil toma hoje medidas acima do padrão internacional, que suportariam até dois curtos simultâneos em linhas de transmissão, mas não em três. Segundo ele, está completamente descartada a possibilidade de adoção de geração térmica com mais frequência para reduzir a carga gerada em Itaipu e evitar um blecaute de tal porte.

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