Passagem gratuita é vilã do reajuste da tarifa de ônibus, diz ATP

Passagem gratuita é vilã do reajuste da tarifa de ônibus, diz ATP

Presidente Ênio Roberto dos Reis justificou pedido de aumento no preço do transporte público em Porto Alegre

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Pedido de aumento no valor da passagem causou indignação

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O pedido de reajuste de 14,82% da tarifa de ônibus em Porto Alegre provocou indignação entre usuários do transporte coletivo, já que a passagem pode se tornar uma das mais caras do País (R$ 3,30). Para tentar esclarecer os cálculos utilizados para compor o índice, a Rádio Guaíba entrevistou nesta segunda-feira o presidente da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Ênio Roberto dos Reis. Segundo ele, o aumento se justifica principalmente pela gratuidade da passagem para uma parcela da população.

“O transporte coletivo tem uma inflação diferenciada. Em Porto Alegre, a cada ano que passa, aumenta o número de pessoas que não paga passagem. Esse é o grande vilão do aumento inflacionário do preço da tarifa”, argumentou. Segundo a ATP, quase 33% dos usuários de ônibus na Capital não pagam passagem.

Além disso, em Porto Alegre o segundo bilhete pode sair de graça: o passageiro tem 30 minutos, após descer do primeiro ônibus, para embarcar no segundo e garantir a isenção. O cálculo do tempo é feito com base na duração do trajeto de cada linha. A gratuidade ainda beneficia idosos acima dos 65 anos. A isenção vale também para pessoas com idade entre 60 e 64 anos, que comprovem renda de até três salários mínimos nacionais – R$ 2.034; para portadores de necessidades especiais; e rodoviários.  

A gratuidade para os idosos também é criticada pela ATP. “Em Porto Alegre, tem uma lei que pessoas de 60 anos não pagam passagem. Essa lei foi criada há mais ou menos 35 anos, quando o cara tinha 55 anos e ele estava se preparando pra morrer com 60. Hoje nós temos diversos jovens de 60 anos andando gratuitamente no transporte coletivo de Porto Alegre. Acho que isso tem que revisar. Tem que atualizar essas gratuidades”, afirma Reis.

De acordo com o presidente da ATP, a solicitação de aumento da tarifa ocorre também por conta da alta dos insumos necessários para a operação dos veículos nas ruas. “Resolvemos isso de acordo com o aumento de diversos insumos. O óleo diesel subiu 15%, os chassis todos tiveram aumento, teve ainda o dissídio dos rodoviários”, ponderou.

A solicitação de reajuste foi protocolada na sexta-feira na Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). O valor solicitado é de R$ 3,30, o que representa um acréscimo de R$ 0,45 do valor atual, em vigor desde o ano passado: R$ 2,85.

Após calcular o pedido feito pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), a EPTC deve realizar um novo estudo tarifário, em cima dos números apresentados, para avaliar o encaminhamento de um percentual ao Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu), que deve votar e aprovar ou não a reivindicação. Em seguida, o reajuste será analisado pelo prefeito José Fortunati.

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