Pelo menos duas mil pessoas participam do Dia Nacional do Basta em Porto Alegre
Caminhada bloqueou ruas da região central da cidade
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O presidente em exercício da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS), Marizar de Melo, afirmou que a reforma trabalhista aprovada pelo governo do presidente da República, Michel Temer, retirou direitos históricos dos trabalhadores e acabou por dificultar o acesso à Justiça do Trabalho e até a sua própria existência. Segundo Melo, o Brasil possui hoje 13,2 milhões desempregados, mais que o dobro registrado em 2014.
"Quando os empregos surgem, são contratos intermitentes e jornadas parciais. O tempo gasto para conseguir um novo emprego aumentou de cinco meses para 11 meses", explicou. De acordo com a CUT/RS, o ato ocorreu em mais de 11 cidades gaúchas e em diversas capitais do país.
Manifestantes realizaram um caminhada pelas ruas da região central de Porto Alegre | Foto: Alina Souza
O presidente da Força Sindical, Cláudio Corrêa, disse que o protesto foi contra o desemprego, a recessão e as reformas da Previdência e da Trabalhista. " A Reforma Trabalhista somente tirou direitos dos trabalhadores e não gerou emprego. Pelo contrário, a reforma fragilizou os trabalhadores e o financiamento dos sindicatos. Essa foi a encomenda feita por entidades empresariais. Eles precisavam fragilizar para poder explorar a classe trabalhadora com a redução de salários", destacou.
Já Érico Corrêa, diretor da Central Sindical Popular (CSP) Conlutas, afirmou que a "horrorosa" Reforma Trabalhista atacou direitos históricos dos trabalhadores brasileiros. "Existe hoje uma situação de terceirizações, desemprego e salários reduzidos", acrescentou. O dirigente da CSP Conlutas afirmou que independentemente do resultado da eleição para presidente os trabalhadores estarão nas ruas a partir de janeiro de 2019 para defender os seus direitos. "Nada se conquista nos palácios e nos gabinetes.
A nossa luta é nas ruas e faremos isso em todo o Brasil", ressaltou. O presidente da Central dos Trabalhdores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RS), Guiomar Vidor, disse que os trabalhadores construíram o movimento Basta para protestar contra o desemprego, contra a recessão e a retirada de direitos. "O governo Temer tem se caracterizado por atitudes como o congelamento por 20 anos de investimentos nas áreas da saúde e educação que atingem diretamente a população que precisa dos serviços do estado", acrescentou.
Logo após o protesto na frente da sede da Fecomércio/RS, os trabalhadores seguiram em caminhada até o Palácio Piratini. A manifestação na avenida Alberto Bins, ocupou duas faixas da via no sentido bairro/Centro, deixou o trânsito lento e congestionado na rua Doutor Flores, nas avenidas Salgado Filho e Borges de Medeiros e na rua Jerônimo Coelho. O protesto dos sindicalistas na área central da cidade foi acompanhado por agentes da EPTC e por três viaturas da Brigada Militar.
Protesto no Palácio Piratini
Centrais sindicais organizaram manifestação em frente ao Palácio Piratini | Foto: Alina Souza
Por volta das 10h, os manifestantes chegaram até a Praça da Matriz para protestar contra os governos de José Ivo Sartori e do prefeito Nelson Marchezan Júnior. No carro de som, estacionado na frente do Palácio Piratini, integrantes do Sindicato dos Muncipários de Porto Alegre (Simpa) voltaram a criticar o autoritarismo do chefe do Executivo municipal e pediram a abertura das negociações com a categoria. Já a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, afirmou que é preciso dar um basta a tortura psicológica de 32 meses com atrasos de salários realizados pelo governo Sartori. "No Brasil e no Rio Grande do Sul, precisamos de um estado indutor que fomente o desenvolvimento social e econômico, distribua renda e invista os impostos em educação, saúde e segurança", explicou. Segundo a presidente do Cpers, desde 2015, os educadores estão sem reposição salarial.
"Considerando a infalção do perído, areposição atual é necessa´ria é de 23,29%. Com reajuste zero, professores e funcionários de escola recebem apenas 51,3% do Piso Salarial Nacional do Magistério (R$ 2.445,35)", acrescentou. Depois de quase meia-hora na frente do Palácio Piratini, e acompanhados pela Brigada Militar que reforçou a segurança no local, os sindicalistas, professores e estudantes seguiram em caminhada até a sede do Foro Trabalhista de Porto Alegre, na avenida Praia de Belas. Durante o percurso, algumas ruas da região Central chegaram a ficar bloqueadas, prejudicando o trânsito como foi o caso das ruas Espírito Santo e Demétrio Ribeiro, avenida Borges de Medeiros até a Praia de Belas, no sentido Centro/bairro.
Protesto na Justiça do Trabalho
Grupo terminou caminhada em frente ao Tribunal Regional do Trabalho | Foto: Alina Souza
Um ato público em defesa da Justiça do Trabalho e dos Direitos Sociais realizado na sede do Foro Trabalhista de Porto Alegre, na avenida Praia de Belas, encerrou ontem pela manhã o Dia do Basta. As centrais sindicais, estudantes, servidores públicos e professores partciparam do ato que reuniu magistrados, advogados, procuradores, peritos e servidores administrativos.
A presidente da Associação dos magistrados da Justiça do Trabalho da IV Região (Amatra IV), juíza Carolina Hostyn Gralha, disse que a Justiça do Trabalho e os juízes do Trabalho não podem ser humilhados e desacreditados . "A Justiça do Trabalho é alvo de perseguições pelo que faz de melhor, ou seja, é a Justiça mais rápida e produtiva que atua em segmentos sensíveis de um país como o trabalho infantil, o trabalho escravo e a precarização das relações e o trabalho seguro. "Cortes orçamentários mais uma vez ameaçam o funcionamento da Justiça que busca reduzir as mazelas do povo brasileiro", ressaltou.
A presidente do TRT/RS, desembargadora Vania Cunha Mattos, que participou do ato, disse que a Justiça do Trabalho presta relevantes serviços, há mais de sete décadas, na pacificação entre o capital e o trabalho, e, ao longo de todos estes anos, provou e comprovou que é a Justiça mais célere e com destino próprio na defesa dos direitos sociais e direitos mínimos dos trabalhadores.
"Mais de 60% das ações se destinam ao pagamento de parcelas rescisórias, o que considero como o direito mínimo e fundamental do empregado despedido sem justa causa", ressaltou. Segundo ela, o papel do Judiciário Trabalhista é fundamental na solução das controvérsias submetidas à sua competência constitucional e o trabalho é o fator central de desenvolvimento de qualquer sociedade. O Dia do Basta terminou com uma caminhada até a sede do Tribunal Regional do Tabalho da 4ª Região (TRT/RS), na avenida Praia de Belas.