Perito nega tese de crime passional no caso PC Farias

Perito nega tese de crime passional no caso PC Farias

Quatro réus são julgados pela morte do empresário e da namorada em 1996

AE

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O perito Domingos Tochetto voltou a defender nesta quinta-feira a tese de que a namorada de Paulo César Farias, Suzana Marcolino, não cometeu suicídio, mas foi assassinada. No quarto dia de julgamento dos quatro réus acusados de envolvimento na morte do casal, o perito afirmou que a ausência de sangue na arma e de material metálico nas mãos de Suzana indica que ela não empunhou o revólver encontrado no local do crime.

Domingos Tochetto foi responsável na época, junto com o colega Daniel Muñoz, pela contestação do laudo do legista Fortunato Badan Palhares, que defende a tese de crime passional, a mesma da polícia alagoana. Já o Ministério Público Estadual acusa os policiais militares Reinaldo Correia de Lima Filho, Adeildo Costa dos Santos, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva de omissão na morte do casal, já que trabalhavam como seguranças de PC Farias e não impediram o crime.

Em seu depoimento, Tochetto revelou que o método utilizado pela perícia alagoana para investigar vestígios de pólvora nas mãos de Suzana Marcolino é falho. Além disso, segundo ele, a água utilizada para colher o material contém três dos quatro elementos encontrados nas mãos da vítima. "Com exceção do cloro, a composição química da água utilizada na perícia traz alumínio, enxofre e potássio, todos encontrados nas mãos de Suzana e de Paulo César Farias. E não são resíduos de tiro", explicou.

Domingos Tochetto disse ainda que o nitrito - elemento químico provocado por queima da pólvora - encontrado tanto nas mãos de Suzana Marcolina como nas de Paulo César Farias pode ter origem em outros elementos como cigarro ou saliva. "Para ser oriundo de tiro, seria preciso encontrar a existência de chumbo, bário e antimônio, elementos que não foram encontrados nas mãos dela", afirmou.

Na quarta-feira, Badan Palhares lembrou indícios que, para ele, confirmam a tese de crime passional, como o fato de o casal estar sozinho no quarto e Suzana ter motivos para matar PC Farias em razão de brigas conjugais.

O crime

PC Farias e Suzana Marcolino foram encontrados mortos a tiros no dia 23 de junho de 1996, na casa de praia do empresário, em Guaxuma, no litoral Norte de Alagoas. A tese sustentada pela defesa dos policiais militares é a mesma da polícia alagoana, de que Suzana matou PC Farias e depois cometeu suicídio.

O Ministério Público considera o caso como "queima de arquivo". O empresário foi tesoureiro da campanha de Fernando Collor (PTB), era réu em processos por crimes financeiros e foi o centro das denúncias de corrupção que resultaram no impeachment de Collor.

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