Pisa mantém índice de saneamento básico de Porto Alegre em 66%

Pisa mantém índice de saneamento básico de Porto Alegre em 66%

Programa da Prefeitura tem expectativa de trazer esse índice a 100% até 2030

Cíntia Marchi e Jéssica Mello

Pisa mantém índice de saneamento básico em Porto Alegre em 66%

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Construída há 25 anos, a casa de Francisco de Aguiar, de 58 anos, passou a integrar o sistema de coleta e tratamento de esgoto de Porto Alegre há pouco mais de um mês. Uma empresa contratada pela prefeitura chegou até a residência no bairro Jardim Camaquã, zona Sul da Capital, pediu permissão para o trabalho e fez a ligação à rede cloacal.

Todo o esgoto coletado ali desce em direção à estação de tratamento Serraria, a principal obra do Projeto Integrado Socioambiental (Pisa). Com status de maior conjunto de obras de saneamento da história da Capital, o Pia não tem assinatura de apenas um governo. Começou a ser idealizado entre 2000 e 2001 e já perpassou quatro governantes municipais, num investimento de quase R$ 600 milhões.

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Se no início do século, Porto Alegre tratava apenas 27% do seu esgoto, hoje o Pisa proporciona o tratamento de 66%. Mas, com a capacidade instalada, dá para alcançar o índice de 80%. No ranking do saneamento divulgado pelo Instituto Trata Brasil com base em números de 2014, a capital gaúcha apareceu na 38º posição entre as cem maiores cidades do país, com 100% da população atendida pela distribuição de água e 89,40% recebe a coleta de esgoto.

E é na casa de Francisco onde tudo começa, onde o esgoto é produzido. Apesar de ser recente a inclusão da residência dele à rede de esgoto, o morador da zona Sul compreende o significado da instação. "Vai melhorar a qualidade das águas do Guaíba. Na medida em que mais pessoas forem aderindo, mais vai ajudar na despoluição. Quem sabe um dia poderemos tomar banho de novo no Guaíba."

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Programa Conexões 

O imóvel de Francisco é um dos oito mil que serão atingidas pelo programa Conexões, lançado em março deste ano, que promete recuperar um passivo de ligações que ainda não foram executadas. Com um investimento da prefeitura de R$ 13,5 milhões, estas ligações irão beneficiar as águas dos arroios Dilúvio, Águas Mortas, Cavalhada, Taquara, Capivara, Espírito Santo e Salso. Até 2017, outras 16 mil ligações vão ser possíveis por meio das obras de outros 142 quilômetros de redes coletoras, com um investimento de R$ 53 milhões.

Segundo o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Antônio Elisandro de Oliveira, há uma aceitação boa da população. "No início, o conceito do esgoto era de afastamento e não de tratamento. Só que, com o tempo, as pessoas começaram a entender a importância de não escoar mais o esgoto nas redes pluviais que captam a água da chuva", disse Oliveira. 

A cada nova ligação aumenta o volume de esgoto que chega às estações de tratamento. A da Serraria, inaugurada em abril de 2014, recebeu no ano passado uma vazão máxima de dois mil litros por segundo, um volume médio de 112 milhões de litros de esgoto por dia. Mas o diretor-geral do Dmae lembra que a capacidade total da estação é o recebimento de 4,1 mil litros por segundo ou 354 milhões de litros por dia.

Esforço regional 

Diferentemente da maior das cidades gaúchas, Porto Alegre também conta com uma lei que obra a ligação de imóveis à rede de esgoto. Com quase 30 anos, a legislação notifica os proprietários e dá um prazo de 60 dias para que ele faça a instalação. Se não fizer, é multado em R$ 6 mil.

Com plano de saneamento elaborado em 2010, o Dmae se prepara para concluir a universalização do saneamento como um todo em 2030, obedecendo ao Plano Nacional de Saneamento Básico. Mas para que o morador do bairro Jardim Camaquã, o Francisco, volte a se banhar no Guaíba sem restrições o esforço terá que ser regional, com a despoluição de todos os cursos d'água que desembocam na bacia do Guaíba.

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