População adere ao uso de máscaras nos ônibus de Porto Alegre, ainda sem fiscalização

População adere ao uso de máscaras nos ônibus de Porto Alegre, ainda sem fiscalização

Quem dispensava o item de proteção ao coronavírus, não era impedido de entrar nos veículos

Eduardo Amaral

Terça foi o segundo dia da exigência de utilização de máscaras por passageiros

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No segundo dia da exigência de utilização de máscaras por passageiros nos coletivos de Porto Alegre, o que se viu nas ruas da cidade foi uma população bastante consciente, apesar da pouca fiscalização. A maior parte dos usuários do transporte público adotou o uso do item recomendado para prevenir a proliferação do novo coronavírus. Entretanto, quem dispensou a proteção não foi impedido de ingressar nos veículos, contrariando o que havia dito o prefeito Nelson Marchezan Júnior no lançamento do decreto com a determinação.

Durante o primeiro dia a principal polêmica era quanto a quem deveria fazer cumprir a regra, se os operadores do sistema ou agentes da Empresa Pública de Transportes (EPTC) ou da Guarda Municipal. O Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre havia emitido uma nota deixando claro que caberia a cobradores e motoristas fazerem apenas a orientação, mas estes não teriam a obrigação de impedir o acesso dos passageiros ao ônibus.

Marchezan foi ao encontro do desejo do Sindicato ao ser questionado sobre o tema durante a inauguração da nova ala do Hospital Vila Nova, na terça-feira. “Isso depende muito da questão cultural e criação do hábito, então o decreto que dá essa orientação é muito mais para legitimar um guarda municipal, um fiscal da EPTC e o motorista para que tenham atitude educativa.”

Motoristas e cobradores não teriam obrigação de exigir equipamento. Foto: Alina Souza

Um cobrador da empresa Leste, que preferiu não se identificar, disse que a maior parte dos passageiros tem utilizado máscaras e que não teve problemas com os usuários. De acordo com ele, a orientação dada até o momento é apenas para orientar quem acessa o ônibus sem estar utilizando o item de prevenção. Mas até o momento a medida, de acordo com o cobrador, está na mão dos operadores, já que não foram vistos fiscais do governo municipal nos coletivos.

De acordo com ele, os maiores problemas aconteceram no início das medidas de isolamento, com quem não aceitava sair dos bancos da frente e passar a roleta. Motoristas e cobradores foram orientados a evitar a aglomeração de pessoas na parte da frente dos coletivos.

A bacharel em Direito Andrea Ferreira, 45 anos, aguardava o ônibus no terminal Antônio de Carvalho na manhã de terça-feira utilizando a máscara. De acordo com ela, a orientação tem sido bastante difusa e varia muito de cada cobrador. “Algumas pessoas subiram sem máscara e ninguém falou nada, eu vi na segunda-feira um cobrador do T8 orientar tanto quem subiu sem elas quanto quem ficava aglomerado na parte da frente. Ele foi bem educado”, ressalta.

Já a secretária Jucilene Niemlzeski, 26 anos, aguardava no mesmo terminal sem a máscara no rosto. “Está guardada na bolsa, se me cobrarem dentro do ônibus eu coloco.” Ela se mostra bastante incomodada com a proposta de impedir que pessoas sem o item façam a viagem nos coletivos. “Acho um absurdo, não deve ser feito esse impedimento porque não podem impedir meu direito de ir e vir.” Mesmo incomodada com a medida, que ainda não foi posta em prática, ela se mostra favorável ao uso do produto. “É importante porque não temos conhecimento da doença.”

A obrigação do uso de máscaras ocorre na mesma semana em que os coletivos reduziram em 40% as viagens dos coletivos em dias úteis. E também quando as medidas de isolamento começam a ser flexibilizadas para outros setores da economia. A tripulação é responsável pelo ingresso de passageiros e consórcios, e a empresa de ônibus, pelo uso por parte dos motoristas e cobradores. As denúncias sobre descumprimento devem ser feitas pelo telefone 118. Equipes de fiscalização estarão nas ruas para verificar o cumprimento da determinação.


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