População da periferia de Porto Alegre ficou mais exposta à Covid-19 no mês mais crítico da pandemia

População da periferia de Porto Alegre ficou mais exposta à Covid-19 no mês mais crítico da pandemia

Nas últimas semanas a doença avançou menos naqueles bairros mais afetados no início da pandemia, como Jardim Europa e Moinhos de Vento

Gabriel Guedes

Pandemia alcançou altos patamares no mês passado

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Em março, no mês mais crítico da pandemia de Covid-19 em Porto Alegre, a quantidade de pessoas infectadas aumentou consideravelmente em bairros da região sul e norte da cidade, como Extrema e Santa Rosa de Lima. É o que apontam os dados da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre no mapeamento casos. Apesar de o crescimento ter sido generalizado, nas últimas semanas a doença avançou menos naqueles bairros mais afetados no início da pandemia, como Jardim Europa e Moinhos de Vento. Entretanto, o crescimento agressivo da doença obrigou o mapa a ter suas cores e os intervalos da taxa de incidência por mil habitantes ajustados novamente, fato que já tinha ocorrido em dezembro do ano passado em janeiro deste ano.

Conforme os dados da semana epidemiológica 13, que compreende os dias entre 28 de março e 3 de abril, que são os mais recentes, a maior taxa de incidência segue sendo do pequeno bairro de Pedra Redonda, que com 67 casos entre os 274 moradores, resultou numa taxa de 244 casos para cada mil habitantes. Já em números absolutos, o Sarandi é o que mais teve infectados, com registro de 5.208 casos em uma população de 59.711 pessoas. No começo do mês, era 4.440, o que representa um crescimento de 17,30% na quantidade de casos. Uma liderança que se manteve desde pelo menos o relatório da semana 9, de 28 de fevereiro a 6 de março, quando a fase crítica estava iniciando na Capital.  

Na ponta de baixo da tabela, é a mesma situação. Não houve mudanças. O Arquipélago era o bairro com a menor taxa de casos por mil habitantes, com 30,49 na semana 9 e 39,98 praticamente um mês depois. Lá moram 8.330 porto-alegrenses. Em números absolutos, São Caetano se manteve como a localidade com o menor número de casos, acumulando 40 em uma população de 757 e uma taxa de incidência de 52,84 casos a cada mil habitantes. Na semana 9, eram 35 casos.

Entretanto, é em bairros como a Extrema, na zona Sul, em que a pandemia avançou para valer no último mês. Houve um aumento de 32% no número de casos, passando de 67 para 89 registros. Em segundo lugar, o Arquipélago também revela o contágio acelerado. Mesmo com a menor taxa de incidência do município, o bairro das ilhas do Guaíba teve um crescimento de 31,10%. Lomba do Pinheiro, na zona Leste, teve um avanço de 24% na quantidade de casos, indo de 3.824 para 4.747, bem como o bairro vizinho da Cascata, com um avanço de 27,57%. Na zona Norte, Santa Rosa de Lima teve um crescimento de 27,28% (de 2.247 casos para 2.860) e o Mario Quintana de 27,57% (2.064 para 2.633). No oposto do ranking, Jardim Europa, Pedra Redonda, Jardim São Pedro e Três Figueiras são bairros em que a doença avançou menos de 7% neste mesmo período, se considerarmos os números absolutos.

Em relação à taxa de incidência, segundo a bióloga Maria Angelica Weber, responsável pelo mapa, o cálculo é acumulativo. “As cores foram colocadas para diferenciar a quantidade de casos por bairros. Como é uma taxa acumulada, é feito um ajuste para poder diferenciar. Senão o mapa ia ficar todo vermelho. Têm diferenças entre os bairros, mas houve um aumento geral no número de casos”, conclui.


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