Porto Alegre pretende vacinar grávidas com comorbidades dentro de duas semanas

Porto Alegre pretende vacinar grávidas com comorbidades dentro de duas semanas

Imunização de grupo não é aconselhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que aponta falta de testes conclusivos de eficácia para estes casos

Gabriel Guedes

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Após a observação de vários casos de gestantes e de mulheres que recém deram à luz e tiveram severas complicações ao se infectarem com a Covid-19, o Ministério da Saúde passou a recomendar que as grávidas que tenham doenças prévias recebam a vacinação contra o vírus. A indicação é uma mudança em relação a diretrizes anteriores da pasta, que não tinha esta posição até o dia 15 de março, quando a medida foi publicada oficialmente.

Nessa segunda-feira, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Porto Alegre informou que em duas semanas estará iniciando a vacinação deste grupo. Pleito será atendido depois que o vereador José Freitas (Republicanos), da Câmara da Capital, expressou preocupação com estas mulheres que ainda não constavam no plano de vacinação local.

Segundo dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19, uma média de 10,5 gestantes e puérperas morreram por semana em 2020, chegando a um total de 453 mortes no ano passado em 43 semanas epidemiológicas.

Já em 2021, a média de óbitos por semana chegou, até 10 de abril, a 25,8 neste grupo, totalizando 362 óbitos neste ano durante 14 semanas epidemiológicas. Por esse motivo, vereador encaminhou, na semana passada, indicação ao Poder Executivo solicitando a inclusão de gestantes em gravidez de alto risco no plano de vacinação em Porto Alegre.

“O governo federal já recomendou e vai disponibilizar recursos aos estados e municípios que abrirem para este grupo. E esta indicação, com base nestes dados, é necessária para ampliarmos a proteção deste grupo", afirma o parlamentar.

OMS não aconselha vacinação do grupo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já se posicionou sobre as vacinas oferecidas pela Pfizer/BioNTech e Moderna, e não aconselha que grávidas sejam vacinadas, já que a segurança e eficácia destas e também das vacinas em uso no Brasil não foram avaliadas nos grupos de gestantes, puérperas e lactantes.

Mas o médico obstetra José Geraldo Lopes Ramos, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs), afirma que apesar da falta de testes específicos, “são vacinas com tecnologias que já foram utilizadas em outras doenças”. Ele acrescenta que nos Estados Unidos, a vacinação em massa acabou imunizando, inadvertidamente, mulheres grávidas. “A Pfizer está acompanhando estas pacientes que estavam grávidas e não sabiam quando se vacinaram e não há relatos de problemas”, informa.

Ramos defende que as grávidas sejam vacinadas. “São vacinas que não causam problemas à gestação e às puérperas. Em princípios elas podem e devem ser utilizadas pelas gestantes. Porque é um grupo de risco, com mais internações em relações a outros grupos. Ainda mais se tiverem outros riscos, como obesidade e diabetes”, justifica.

E mesmo em relação às vacinas em uso no Brasil, a apreensão em torno da Astrazeneca/Oxford não deve ser empecilho para vacinação. "O risco de trombose causado pela vacina é pouco frequente. Mas a gravidez e a Covid-19 também aumentam o risco de trombose. Aos que defendem o uso deste imunizante, há uma questão de risco x benefício, em que o benefício em tomar a vacina é maior do que pegar a Covid durante a gravidez. Mas não existe um consenso. Melhor é conversar com seu pré-natalista antes”, recomenda.


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