Porto Alegre recebe famílias de imigrantes venezuelanos

Porto Alegre recebe famílias de imigrantes venezuelanos

Capital e outras três cidades da região Metropolitana receberam mais imigrantes nesta terça-feira

Jessica Hübler

Grupo de venezuelanos chegou nesta terça-feira ao RS

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Cinco casas mobiliadas e com mantimentos como frutas, arroz, feijão, leite e carne, aguardavam, no bairro Sarandi, na zona Norte da Capital, pela chegada do grupo de 70 venezuelanos que desembarcou no aeroporto de Porto Alegre na tarde desta terça-feira. Outros 40 imigrantes foram para Cachoeirinha, 21 seguiram para Canoas e mais nove para Esteio. Famílias inteiras de imigrantes buscam, no Rio Grande do Sul, a retomada de suas vidas e um futuro melhor para as crianças.

O ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, acompanhou o grupo no voo do 767 da Força Aérea Brasileira (FAB), que partiu por volta das 9h30min de Boa Vista, em Roraima, chegando à Capital por volta das 15h. A cerimônia de boas vindas aos venezuelanos no abrigo contou com a presença da secretária do Desenvolvimento Social e Esporte, Denise Russo, do presidente da Fundação de Assistência Social e Cidadania, Joel Lovatto e representantes da ONG Aldeias Infantis SOS, que é responsável pelo acolhimento na Capital.

O ministro enfatizou que "é uma alegria" poder contar com a solidariedade dos gaúchos. "Muitos deles passaram meses em abrigos ou mesmo na rua, e agora chegam em Porto Alegre, é um conforto e nós vemos no olhar e nas palavras de cada um a enorme gratidão que eles têm pela sociedade brasileira", ressaltou. De acordo com ele, há pelo menos 5 mil pessoas abrigadas em Roraima e, aquelas que demonstrarem interesse em participar do processo de interiorização, poderão contar com os esforços do Ministério do Desenvolvimento Social.

"O processo tem funcionado extremamente bem, já conseguimos retirar mais de 2 mil pessoas de Roraima. A saída delas possibilita a retirada de imigrantes que ainda estejam nas ruas. A avaliação que o governo faz é de um procedimento extremamente bem-sucedido até o momento e eu acredito que conseguiremos avançar cada vez mais", disse. As famílias dividirão espaço nas casas, com quartos individuais para cada núcleo familiar, sala, banheiro e cozinha coletivas. Cada unidade foi abastecida com móveis e eletrodomésticos que permitem a autonomia no preparo de alimentos, por exemplo.

O abrigo faz parte de um convênio direto do Governo Federal com a instituição, com suporte financeiro do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e apoio social da Prefeitura. A secretária do Desenvolvimento Social e Esporte, Denise Russo, explicou que a prioridade nos primeiros dias de ambientação dos venezuelanos na Capital é o acesso às redes de assistência social e saúde. "Na sequência educação e trabalho", explicou.

O Rio Grande do Sul já recebeu até o momento 642 venezuelanos. Na quinta-feira, outro grupo de venezuelanos desembarca no Estado. Segundo a Prefeitura, são esperados 200 pessoas, onde 52 seguem para cidade de Chapada, Noroeste do Estado, 108 para Canoas e 40 para Cachoeirinha.



Deixar tudo para trás e recomeçar


Após vender tudo o que tinham na Venezuela para arriscar viver no Brasil, Gregorio Alexander Montana Hernandez, 47 anos, chegou em Pacaraima, no estado de Roraima, em busca de emprego para sustentar a família.

Ele preferiu deixar a esposa e os filhos na terra natal enquanto conhecia o novo território. "Por lá, não tínhamos nada. Saí para encontrar qualquer coisa, precisávamos comer", desabafou. Apesar das dificuldades enfrentadas no Norte do Brasil, foi buscá-los e, juntos, agora encaram uma nova etapa, o processo de interiorização.
Ao chegar na residência onde a família deve ficar pelo menos nos próximos seis meses, em Porto Alegre, Hernandez se emocionou. "Não esperava por tudo isso, se eu contar ninguém acredita. Combinamos de deixar para trás o que passou e começar uma nova vida aqui", declarou.

A falta de oportunidade e a violência em Roraima foram alguns dos motivos que motivaram Hernandez e os parentes na busca por novos caminhos no Sul do Brasil. A família, composta pela esposa Maigualida Del Valle Martinez Gutierrez e os filhos Fraybelis Alejandra Montana Martinez, sete anos e Gregorys Alexander Montana Martinez, 28, além da irmã de Maigualida, Miryan Freileth Avila Gutierrez, também de 28, e o filho, Afranyerber Eduardovila Gutierrez, 6, está abrigada na casa rosa do abrigo.

Maigualida trabalhava de secretária na Venezuela e está ansiosa para conquistar uma oportunidade de emprego na cidade. "Queremos uma nova vida, com muito trabalho", afirmou. Segundo ela, a recepção em Porto Alegre fez com que ela se sentisse parte de uma grande família.

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