Porto Alegre ultrapassa 11 mil casos ativos da Covid-19

Porto Alegre ultrapassa 11 mil casos ativos da Covid-19

Reconhecida pela SMS, aceleração da pandemia na Capital vem se refletindo no número de novos infectados

Felipe Samuel

293 pacientes com a doença estão em tratamento no sistema hospitalar

publicidade

Com 849 infectados nas últimas 24 horas, Porto Alegre registra 11.129 casos ativos da Covid-19 nesta terça-feira.  O contingente de pacientes ainda com a doença no organismo vem crescendo nas últimas semanas com o aumento de novas infecções. No dia 21 de novembro, a Capital contabilizava 5.676 ativos, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde. Na sexta-feira, dia 4 de dezembro, eram 10.864 e hoje o número superou a marca dos 11 mil. 

O avanço, reconhecido pelo chefe da pasta, Pablo Stürmer, vem pressionando o sistema de saúde da cidade e preocupando as autoridades. Neste momento, 293 infectados estão em tratamento nos leitos de UTI. A SMS trabalha com 383 como o número máximo de expansão de leitos para casos da doença.

"É o momento de maior número de casos ativos e casos novos nos últimos 14 dias. Ampliamos bastante a testagem, praticamente dobramos, então isso pode ter contribuído, mas também mostra a aceleração da doença. O principal indicador é a ocupação das UTIs", alertou o secretário de Saúde. 

Crescimento dos casos ativos:

08.12 - 11.129 - 1.638 óbitos - 293 internados e 25 suspeitos
04.12 - 10.864 - 1.606 óbitos - 280 internados e 30 suspeitos
27.11 - 7.927 - 1.522 óbitos - 262 internados e 16 suspeitos 
20.11 - 5.620 - 1.461 óbitos - 232 internados e 14 suspeitos 
13.11 - 5.676 - 1.391 óbitos - 232 internados e 18 suspeitos 

Nove meses após confirmar o primeiro caso em Porto Alegre - registrado oficialmente em 8 de março - e adotar uma série de medidas de restrição de atividades para evitar a disseminação da Covid-19, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) contabiliza 1.638 mortes por conta da doença. A primeira morte ocorreu em 24 de março. 

O anúncio do primeiro caso de pessoa infectada com o vírus ocorreu no dia 11 de março, em coletiva de imprensa no Paço Municipal, quando o prefeito Nelson Marchezan Júnior confirmou que uma paciente de 54 anos, residente e notificada na Capital, era o primeiro caso importado da Covid-19. Ela havia chegado da Itália (região de Bergamo) no dia 6 daquele mês e foi atendida por profissional de saúde, que notificou a Diretoria-Geral de Vigilância em Saúde do município. De lá para cá, na tentativa de frear o avanço da doença, a prefeitura adotou medidas como a suspensão das aulas e o fechamento de shoppings, restaurantes e bares.

As restrições desagradaram parte dos representantes do comércio, especialmente bares e lojistas, apesar da prefeitura justificar a necessidade de preparar o sistema de saúde para atender os pacientes. Adjunto da secretaria municipal da Saúde, Natan Katz afirma que as ações implementadas pela prefeitura começaram a tomar forma no final de janeiro, quando chegaram os relatos dos primeiros casos na China. "A doença começava a se espalhar para outros lugares do mundo. No fim daquele mês começamos a fazer o plano de enfrentamento à Covid-19", relembra. 

Em fevereiro, o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus fez a primeira reunião com representantes de hospitais para avaliar quais hospitais ficariam na linha de frente no combate à Covid-19 e como funcionaria a logística. Na primeira versão do plano de contingência, publicado em 7 de fevereiro, ficou decidido que Nossa Senhora da Conceição e Clínicas atenderiam, num primeiro momento, pacientes relacionados à doença. "É um documento histórico bem importante, porque define várias coisas", frisa, acrescentando que a ideia era tentar de "alguma forma proteger outros hospitais". Katz reforça que em janeiro a prefeitura já havia definido início da testagem.

A prefeitura ampliou o número de leitos de UTI e passou a fazer monitoramento da ocupação da rede hospitalar da Capital, além de capacitar as equipes para fazer identificação de casos suspeitos para Covid-19. Na segunda quinzena de março, representantes do comitê notaram crescimento expressivo dos casos na Capital e decidiram que era hora de restringir as atividades na Capital, a começar pelas escolas e depois pelo comércio. "Foi muito importante ter feito restrições, porque poderíamos perder controle da epidemia e não teria rede hospitalar preparada para enfrentar a pandemia", observa. "Se não tivesse dado uma "segurada" na epidemia naquele momento, muita gente ia ficar sem leitos", completa.

Mesmo assim, em junho e julho o sistema de saúde enfrentou o pior momento, com a escalada de internações em UTIs. Em 22 de junho, eram 102 casos confirmados para doença em UTIs. Menos de três semanas depois, em 10 de julho, o número de internações dobrou e totalizou 209 casos confirmados. Em 25 de julho, pela primeira vez, o sistema de saúde romperia a barreira das 300 internações por Covid-19, registrando 309 pacientes que testaram positivo para a Covid-19 em leitos de UTI. De lá para cá, apenas em 5 novembro, quando havia 197 pacientes confirmados para doença internados em UTIs, as internações ficaram abaixo de 200 casos confirmados. 

Na avaliação de Katz, o período de restrições foi fundamental para organizar, expandir e planejar a rede hospitalar. "E  mesmo assim fomos atropelados. Criamos hospitais livres da Covid-19 e daqui a pouco eles tinham Covid-19", lembra. Ele avalia que os meses de abril e maio foram de estabilidade da doença, enquanto junho e julho foram os meses mais complicados. "Na segunda semana de junho novamente começamos a colocar restrições na cidade. Mesmo assim continua acelerando a contaminação, com praticamente 60 dias de crescimento vertiginoso. A gente percebeu que o "susto" que tinha dado em março, em junho não funcionou igual, com as pessoas com menos medo da Covid-19", compara.

Entre os aspectos positivos no combate à Covid-19, Katz destaca a realização dos testes RT-PCR, inclusive com coletas domiciliar. "Isso ajudou também a ter controle melhor da epidemia, com uma testagem bastante ampla com todo mundo que teve contato com alguém infectado", justifica. Conforme Katz, outro indicador da epidemia é quantos óbitos. "Porto Alegre tem o menor número de mortes das capitais com mais de um milhão de habitantes. Isso quer dizer que o sistema de saúde deu conta. Ninguem ficou sem atendimento, e os tempos de atendimentos são muito bons", alega.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895