Secretário de Saúde alerta para aceleração da pandemia e esgotamento de UTIs em Porto Alegre

Secretário de Saúde alerta para aceleração da pandemia e esgotamento de UTIs em Porto Alegre

Pablo Stürmer não descarta novas medidas, como redução no funcionamento do comércio, para evitar disseminação da doença

Felipe Samuel

Pablo Stürmer não descarta novas medidas, como redução no funcionamento do comércio, para evitar disseminação da doença

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O aumento dos casos ativos para o novo coronavírus em Porto Alegre e o registro de novos casos confirmados para a doença, nos últimos 14 dias, deixaram em alerta a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A aceleração da transmissão do vírus por conta da maior circulação da população reflete na ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e pressionam o sistema de saúde, que opera desde a semana passada próximo da capacidade máxima.

Na avaliação do secretário da Saúde, Pablo Stürmer, a necessidade de atender à demanda represada de pacientes que precisam realizar cirurgias ou outros tratamentos aliada às internações de pacientes diagnosticados com a Covid-19 pressionam a rede hospitalar. "É o momento de maior número de casos ativos e casos novos nos últimos 14 dias. Ampliamos bastante a testagem, praticamente dobramos, então isso pode ter contribuído, mas também mostra a aceleração da doença. O principal indicador é a ocupação das UTIs", explica.

Com os leitos de UTIs beirando 90% de ocupação na Capital, Stürmer não descarta novas medidas, como a redução do horário de funcionamento do comércio, para evitar a disseminação da doença. "A restrição é uma medida que a gente sempre cogita, pois reduz circulação de pessoas e reduz circulação do vírus", destaca. "Não descartamos nada. O funcionamento do comércio é uma pauta que está sempre no radar", completa. Stürmer observa que é preciso evitar "remédio mais amargo" que tenha efeito adverso na economia.

Ele reforça que parte da população precisa se conscientizar sobre a necessidade de cumprir as medidas sanitárias, como distanciamento social e uso de máscaras. "Estamos com ocupação de UTIs por Covid inferior ao pico de agosto e setembro, mas estamos num momento de coexistência de demandas de pacientes Covid-19 e não Covid-19", reforça. Conforme Stürmer, muitas pessoas adiaram cirurgias e tratamentos adiados no auge da pandemia. "Isso gerou represamento, e as pessoas precisam de atendimento agora", completa. 

Nos próximos dias, hospitais referências no tratamento da doença, como Clínicas e Nossa Senhora da Conceição, devem ampliar o número de leitos em função do aumento de demanda. "Enquanto sociedade precisamos ter consciência de que a pandemia existe. E por mais impressionante que possa parecer, têm pessoas que não acreditam. A pandemia existe e não foi embora, alguns acham que já passou e que tudo pode ser feito sem nenhum cuidado. Basta uma pessoa contaminada para se gerar uma cadeia de transmissão do vírus", afirma.

Além da preocupação com a ocupação de leitos de UTIs, Stürmer alerta para os relatos de dirigentes de hospitais sobre o desgaste das equipes de saúde após nove meses atuando na linha de frente do combate à doença. "Vários hospitais relataram dificuldades nas escalas para manter profissionais, garantir horas-extras. Isso tem limite. Os profissionais dão o sangue e fazem a diferença na vida das pessoas", observa. 

Crescem internações por casos confirmados de Covid-19 na Capital 

Com 296 casos confirmados para o novo coronavírus, as internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da rede hospitalar de Porto Alegre registraram aumento em relação ao dia anterior, quando havia 294 pacientes que testaram positivo para a Covid-19. Além de 19 pessoas internadas com diagnóstico suspeito para a doença, outras 16 que testaram positivo para o novo coronavírus aguardavam por leitos de UTIs em emergências. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), até o começo da noite eram 315 casos relacionados ao novo coronavírus. 

Quatro hospitais respondiam por 58,53% das internações em UTIs de pacientes confirmados para a Covid-19 ou com diagnóstico suspeito da doença: Clínicas (64), Santa casa (51), Mãe de Deus (38) e Moinhos de Vento (32). A taxa de ocupação geral dos leitos de UTIs também apresentou elevação de 1,6% p.p em relação a domingo e atingiu 89,88%. Dos 788 leitos operacionais 684 estavam ocupados. Vila Nova, Ernesto Dornelles e Moinhos de Vento operavam com capacidade máxima.

A ocupação de leitos de UTIs no Rio Grande do Sul também apresentava elevação em relação ao dia anterior e registrava 82,1% de lotação, com 2.084 pacientes. Do total, 1.043 internações eram por Covid-19, sendo 878 casos confirmados e 165 com diagnóstico suspeito para a doença. Os casos relacionados ao novo coronavírus representavam 50% do total. Pelo sétimo dia seguido, a taxa geral de ocupação de leitos de UTI se manteve acima de 80%. Além disso, os leitos privados apresentavam lotação total, com 668 leitos ocupados. As internações em leitos do SUS totalizavam 1.416, com taxa de ocupação de 75,6%. 


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