Porto Alegre volta à rota das discussões mundiais

Porto Alegre volta à rota das discussões mundiais

Participantes já estão acampados à espera do Fórum Social Mundial

Wagner Machado / Correio do Povo

Participantes estão acampados às margens do Guaíba

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A partir de terça-feira, Porto Alegre e a região Metropolitana entram novamente no roteiro de um dos principais debates mundiais: o Fórum Social Mundial (FSM), que ocorreu na Capital em 2001, 2002, 2003, 2005 e 2010. A participação acontece por meio do Fórum Social Temático 2012 (FST 2012), que antecede o FSM de 2013, que também poderá ocorrer em Porto Alegre.

A movimentação dos participantes já começou. Já podem ser vistas barracas de idealistas no Acampamento Aldeia da Paz, às margens do Guaíba, nas proximidades do Anfiteatro Pôr do Sol. Na pauta, debatida até o dia 29, estão o desenvolvimento sustentável e as mudanças climáticas, de olho na Rio+20, conferência da ONU, que será realizada em junho no Rio de Janeiro.

O Fórum Social Temático começa um dia antes do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), dia 25, que irá reunir 2,66 mil pessoas, 40 chefes de Estado e de Governo e 18 presidentes de bancos centrais. A crise europeia deve dominar boa parte dos debates, mas também será discutido um novo modelo para o capitalismo. O encontro será aberto pela chanceler alemã, Ângela Merkel. A presidente Dilma Rousseff, inicialmente esperada, não irá, pois estará no FST.

Criador do Fórum, Klaus Schwab, que há 41 anos defende com unhas e dentes as ideias do capitalismo, diz que este regime, na sua atual forma, não serve para o mundo à nossa volta. "Fracassamos em aprender as lições da crise financeira de 2009. O mundo vive uma síndrome do esgotamento."

EcoAldeia à espera do FST

Acampados há duas semanas, representantes de várias partes de Brasil, Uruguai, Argentina e El Salvador aguardam o início do evento para mostrar que, de fato, "um outro mundo é possível". O bacharel em Direito Jorge Bernardes Júnior, 34, é um dos integrantes da Aldeia da Paz. Segundo ele, a ideia de acampar com antecedência é preparar o ambiente para a cultura sustentável. "Bem antes do início do Fórum vivemos de forma totalmente alternativa. Assim, quem vier para cá, além de participar de oficinas sobre desenvolvimento sustentável, ambiente e práticas ecológicas, perceberá que nosso discurso é aliado à prática", resume.

Cerca de cem pessoas se dividem para manter o fogo sagrado aceso desde o início de janeiro. No local, além da meditação, discutem formas de melhorar o mundo. Para garantir as necessidades básicas, cada integrante colabora com um pouco de recursos financeiros que dispõe. O grupo também recebe doações de pessoas interessadas na cultura alternativa e que desejam acampar na aldeia. "Somos totalmente vegetarianos. Cultivamos o bem e buscamos o equilíbrio social, ao invés do material", diz Bernardes Júnior, que, após concluir a Faculdade de Direito na PUCRS, vendeu o carro e viajou pelo mundo em busca de experiências em movimentos sociais alternativos.

Os participantes da Aldeia da Paz tentam desmistificar a imagem de que o grupo vive alheio à realidade capitalista. Quem visita a EcoAldeia e questiona se vale a pena se dedicar à vida em comunidade terá várias respostas, todas no mesmo tom. "Pode parecer loucura. Abri mão do comodismo. Fazer um mundo diferente, de igualdade, vale a pena", sintetiza Marcos Brum, também acampado à espera do FST 2012, que começa terça-feira e prossegue até o próximo domingo.


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