Primeira morte por Covid-19 no Rio Grande do Sul completa um mês neste sábado

Primeira morte por Covid-19 no Rio Grande do Sul completa um mês neste sábado

Uma idosa, de 91 anos, faleceu no dia 25 de março no Hospital Moinhos de Vento

Jessica Hübler

Primeira morte registrada no Estado foi de uma idosa, de 91 anos, no dia 25 de março

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Trinta dias se passaram desde o registro do primeiro óbito por conta do novo coronavírus no Rio Grande do Sul. Foi o caso de uma idosa, de 91 anos, de Porto Alegre, que estava internada no Hospital Moinhos de Vento e faleceu no dia 25 de março.

Na data, o número de mortes por conta da Covid-19 no País já chegava a 48. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), há registro de 34 óbitos por conta da doença no Estado, conforme divulgado nesta sexta-feira. 

Distânciamento teve efeito no RS

De acordo com o epidemiologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas, Ricardo Kuchenbecker, observando o período de 30 dias, transcorrido do primeiro óbito até hoje, é possível afirmar que o quadro mais grave da doença não se espalhou com a intensidade e a velocidade que se imaginava, comparando com casos em outros países e até mesmo de outras capitais do Brasil. “Provavelmente porque as medidas implementadas, de distanciamento social, tiveram efeito. Isso é bastante diferente de outros estados”, destacou.

Conforme Kuchenbecker, a velocidade de aceleração da epidemia é completamente diferente na região Sudeste do que acontece aqui, na região Sul. “Tenho insistido na ideia de que o Brasil não tem uma epidemia nacional, mas sim focos epidêmicos locais. E a medida que avançam as semanas, essas coisas ficam claras, porque a velocidade de aceleração da epidemia nas regiões é completamente diferente”, explicou.

Além disso, Kuchenbecker reitera que é importante olhar para o primeiro óbito, porque ele tem uma representação importante no contexto da doença. “Quando já temos um óbito, já conseguimos projetar para as próximas semanas, quando deve ocorrer um processo de ascensão da curva, mas certamente a implementação das medidas de distanciamento social e a forte adesão a elas, no Rio Grande do Sul, é o que provavelmente explica essa distância entre o primeiro óbito e uma ascensão da curva, que ainda não veio”, definiu, reforçando que essa é a “notícia boa”. 

“Ainda não termos elementos de ascensão da curva epidêmica, transcorridos 30 dias a partir do primeiro óbito, nos faz pensar que as medidas de distanciamento social impactaram de alguma maneira, ainda que não seja capaz medir o quanto as pessoas aderiram”.

Flexibilização 

Sobre a possibilidade de flexibilização do distanciamento social para o próximo mês, Kuchenbecker reforça que é preciso que os gestores continuem monitorando o número de casos, de óbitos, mas principalmente as internações. 

“Se as internações voltarem a crescer rapidamente, as medidas de distanciamento social deverão voltar a ser reforçadas. Vamos ter que ir monitorando as próximas semanas e ir ajustando isso ao longo de boa parte do ano. Esse vai ser o nosso cenário. Não tem uma fórmula para isso, mas temos no Estado um cenário favorável ao contexto epidêmico já verificado em outras capitais brasileiras”, enfatizou.

Quanto mais ganharmos tempo, de acordo com Kuchenbecker, mais os serviços de saúde poderão se preparar para que não haja falta de leitos de UTI, por exemplo, ou aumento exponencial no número de óbitos


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