Primeiro caso confirmado de Covid-19 completa dois anos no RS

Primeiro caso confirmado de Covid-19 completa dois anos no RS

Um homem de 60 anos, morador do município de Campo Bom, no Vale do Sinos, foi o primeiro a testar positivo no Estado

Felipe Nabinger

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Há dois anos, no dia 10 de março de 2020, o Rio Grande do Sul confirmava o primeiro caso da infecção pelo coronavírus. Naquela data, a doença não tinha nem mesmo um nome e o grau de contaminação era considerado de uma epidemia, visto que somente no dia seguinte a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevaria o grau para pandemia e daria à enfermidade causada pelo vírus o nome de Covid-19. Um homem de 60 anos, morador do município de Campo Bom, no Vale do Sinos, foi o primeiro a testar positivo no Estado, após retornar de uma viagem à Itália, epicentro da infecção no início daquele ano.

Depois disso, o número de casos foi acelerando progressivamente. Um ano depois, já eram mais de 870 mil os infectados, passando de um milhão de gaúchos com Covid-19 em abril. Com a variante ômicron, um novo pico fez com que a quantidade de casos confirmados disparasse para mais de 2 milhões no último mês de janeiro. A média móvel de casos chegou a ser de 19 mil no dia 25 de janeiro de 2022, o recorde até aqui. Hoje, já são mais de 2,2 milhões de infectados, havendo queda na média móvel. Com dados ainda em atualização na data da reportagem, o sistema do Painel Coronavírus do governo estadual mostrava a média móvel de 1,5 mil casos no último dia 8 de março.

Ao longo desses 24 meses, muita coisa mudou. Além da máscara, que hoje tem sua flexibilização discutida, cuidados reforçados com a higiene e atividades profissionais de forma remota, por exemplo, entraram na rotina de todos nós. A grande mudança de quadro, no entanto, é o avanço da vacinação contra a Covid-19. Na população vacinável, com cinco anos de idade ou mais, 91,7% dos residentes no Estado tomaram pelo menos uma dose da vacina. Entre os adultos, a partir dos 18 anos, 90,7% das pessoas completou o esquema vacinal com a segunda dose e 43,6% recebeu doses de reforço. 

Essa evolução na imunização fez com que, apesar do novo pico de casos, o número de óbitos ficasse abaixo do registrado, por exemplo, em março do ano passado. Naquele mês, o mais letal até aqui, foram 8.445 mortes. No mês passado, foram 1.329 mortes causadas pela doença no Estado uma queda de 84% na comparação entre os dois meses. Ao todo, mais de 38,6 mil pessoas morreram no Rio Grande do Sul por causa da doença na pandemia até aqui. 

“Temos uma vantagem sobre os outros momentos. Há um número grande de pessoas imunizadas. Isso não significa que a pandemia acabou. Há menos casos e você tem uma variante com menor letalidade. Mas a monitorização, a vigilância de casos e vigilância genômica precisa ser continuadas”, afirma o infectologista no Hospital Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor da Faculdade de Medicina da Ufrgs, Alexandre Zavascki. 

Até mesmo o Carnaval, que aglomerou muita gente, principalmente em cidades do litoral, ainda não mostra alteração no aumento no número de casos novos confirmados diários, que vêm decaindo desde o final de janeiro. Pelo menos é o que aponta o coordenador do Laboratório de Biologia Molecular da Santa Casa, Alessandro Pasqualotto. No local são realizados testes de RT-PCR.  “O período de incubação da doença é de quatro dias. Então já passamos esse período duas vezes. Nós vínhamos de uma frequência de positividade do RT-PCR de 3%. Quando veio a nova onda, disparou para 70% e agora já caímos para entre 6% e 10% dependendo dia”, disse.

Quanto ao que vem pela frente na pandemia, o Alexandre Zavascki reforça que os pesquisadores que trabalham com modelagem futura da pandemia afirmam ser muito difícil fazer uma projeção a longo prazo. “É como a previsão do tempo. Não dá pra saber se vai chover daqui a dois meses. São tantas variáveis que não dá pra se ter projeção disso”, diz.

Pasqualotto acredita que a doença que as pessoas passarão a conviver com a doença de uma forma diferente. “A tendência é que passemos a conviver com a Covid-19 cada vez mais como uma doença leve, como já vem acontecendo, e que venha ela venha a ser banalizada pela população como uma gripe comum”, projeta.

Sobre novas variantes, os especialistas acreditam que elas seguirão surgindo. Pasqualotto, no entanto, ressalta que a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), usada no imunizante da Pfizer, onde o ácido ribonucleico sintético dá as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do novo coronavírus, estimulando a resposta do sistema imune, permite que as vacinas evoluam rapidamente. Isso ajudaria no combate a variantes. “Vivemos uma nova fase da medicina moderna. Essa tecnologia será usada contra muitas doenças”, afirma.

Para o epidemiologista e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil, Pedro Hallal, a perspectiva é de um quadro mais favorável. A tendência é de melhora apesar de precipitações, como a expectativa da retirada das crianças, grupo que não está totalmente vacinado. A grande prioridade é reforçar a vacinação especialmente nas crianças e na terceira dose. No mais, as atividades vão retornar ao normal e é isso mesmo que tem que acontecer”, avalia.


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