Queda na vacinação de rotina preocupa órgãos de saúde

Queda na vacinação de rotina preocupa órgãos de saúde

Imunização deve ser mantida mesmo durante a pandemia, alertam especialistas

Jessica Hubler

Números preocupam especialistas e órgãos de saúde

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A queda na vacinação de rotina está preocupando os órgãos de Saúde. A orientação é de que a aplicação das vacinas deve ser mantida, mesmo durante a pandemia. A posição é da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que alerta para a importância de manter em dia a vacinação de rotina. A medida, conforme a SBIm, também é recomendada por instituições como o Ministério da Saúde (MS), Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

Conforme o Núcleo de Imunizações da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a queda na vacinação de rotina chega a 15,97% em média, sendo que vacinas como a Meningo C e a Trípliceviral tiveram reduções de 29,68% e 27,33%, ficando acima da média.O levantamento comparou o número de doses aplicadas entre janeiro e maio de 2019 e 2020, das vacinas BCG, Pentavalente, VIP, Pneumo 10, Rotavírus, Meningo C, Trípliceviral e Febre Amarela, todas direcionadas a crianças de até um ano.

Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre também informou que a procura de alguns grupos prioritários pela vacinação contra a gripe ainda é baixa na Capital. A meta da prefeitura é imunizar 81,2 mil crianças de seis meses a menores de seis anos, 12,5 mil gestantes e 2 mil mulheres no pós-parto. Até o momento, mesmo após a prorrogação do final da campanha para 30 de junho, foram imunizadas 34.247 crianças (42,17% da meta), 4.739 gestantes (37,91%) e 845 puérperas (42,25%), conforme registros de quarta-feira, 10. Os quantitativos do Ministério da Saúde correspondem a 90% da estimativa populacional.

De acordo com o médico pediatra da Diretoria-Geral de Vigilância em Saúde da SMS e presidente da SBIm, Juarez Cunha, a vacinação de rotina já eram observadas quedas nas coberturas vacinais nos últimos anos, por diversos motivos. “O que acontece agora? Especialmente por conta do medo que as pessoas têm de circular, isso impactou e muito em todas as atividades de rotina na rede pública”, explicou.

Conforme Cunha, houve uma queda de 40% na procura das Unidades Básicas de Saúde. “A Covid-19 é um aprendizado, em determinado momento a gente imaginava uma situação, as coisas vão mudando, estamos vendo que a nossa situação epidemiológica em Porto Alegre nos permite que, com segurança, a gente procure as Unidades de Saúde para manter as nossas práticas de saúde pública, incluindo a vacinação”, reiterou. Segundo Cunha, não podemos correr o risco de impactar mais ainda na nossa rede com o ressurgimento de doenças que estavam controladas.

“A gente quer estimular que o calendário de vacinação recomendado pelo Ministério da Saúde seja colocado em dia com o objetivo de proteger a nossa população, proteger as nossas crianças, até para evitar outras doenças e não aumentar ainda mais a necessidade do uso da nossa rede de saúde”, ressaltou, reforçando que todas as vacinas são importantes, em especial aquelas aplicadas até o primeiro ano de vida. Com relação à vacina da gripe, Cunha assinalou que é um quadro respiratório que pode ser evitado através da vacinação.

Os grupos prioritários, segundo a SMS, estão mais sujeitos a complicações após a infecção do vírus influenza, por isso a pasta destaca a importância da vacinação. As crianças, por exemplo, têm maior probabilidade de sofrer com pneumonias e outros casos graves, que podem ser fatais. No caso das gestantes, a proteção é dupla, pois a mãe protege a si mesma e o bebê. Nelas, é mais comum que, além dos sintomas clássicos, surjam complicações como pneumonia e outras infecções respiratórias. Já as puérperas, além de apresentarem alterações no sistema imune que predispõem a sintomas graves, passam anticorpos contra o influenza para os recém-nascidos na amamentação.  

Os grupos prioritários que ainda não garantiram a proteção devem procurar os pontos de atendimento até 30 de junho. São mais de 100 locais disponíveis (confira antes de sair de casa), entre unidades de saúde e farmácias parceiras. A orientação da SMS é de que crianças devem ser imunizadas nas unidades de saúde para manter o acompanhamento do calendário e as vacinas de rotina. Registros do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) da quarta-feira, mostram que foram aplicadas 608.204 doses no público-alvo geral da campanha, o que corresponde a 85% da meta total de 715 mil pessoas na Capital.   

Números da vacinação até 10 de junho, até 16h30: 

608.204 doses aplicadas (85% da meta geral de 715 mil pessoas)

Idosos - 269.133

Trabalhadores de saúde - 99.732

Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis (comorbidades) - 123.548

Crianças - 34.247

Gestantes - 4.739

Puérperas – 845

Pessoas com deficiência - 1.606

Forças de segurança e salvamento - 25.558 pessoas

Trabalhadores do transporte coletivo - 6.156

Caminhoneiros - 2.561

Portuários – 511

Povos indígenas – 626 pessoas

População privada de liberdade - 4.154 pessoas

Funcionários do sistema prisional - 1.185

Adultos de 55 a 59 anos - 36.524

Professores - 7.206 


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