Recorde de internações pela Covid-19 em UTI's acende alerta em Porto Alegre

Recorde de internações pela Covid-19 em UTI's acende alerta em Porto Alegre

Em um intervalo de 12 dias, número saltou de 49 para 69 pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)

Jessica Hübler

A situação nos leitos de UTI inclusive fez com que a Prefeitura de Porto Alegre optasse por não realizar novas flexibilizações das atividades econômicas

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Um novo recorde de internações de pacientes com a Covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto foi registrado na última quinta-feira, em Porto Alegre. De acordo com boletim diário da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 69 pessoas com diagnóstico positivo para o novo coronavírus estavam internados em leitos de UTI. O número reduziu para 66 nesta sexta-feira mas ainda assim tem preocupado a SMS.

O maior número de internações causados pelo novo coronavírus, antes da última quinta-feira, tinha sido de 49, no dia 30 de maio. Em um intervalo de 12 dias, o número saltou para 69. O aumento considerável vem sendo observado pela SMS desde o sábado passado, 6 de junho, quando eram 46 pacientes com a Covid-19 internados em leitos de UTI da Capital.

A situação nos leitos de UTI inclusive fez com que a Prefeitura de Porto Alegre optasse por não realizar novas flexibilizações das atividades econômicas, o que estava previsto para o início da semana. O prefeito Nelson Marchezan júnior explicou que optou por “frear” novas liberações por conta da velocidade da ocupação dos leitos de UTI. Além de não liberar novas atividades, Marchezan ainda informou que, dependendo dos próximos avanços, é possível que novas restrições voltem a ocorrer.

Ainda segundo levantamento da SMS, a taxa de ocupação dos leitos de UTI na cidade até o fim da tarde desta sexta-feira era de 78,59%, sendo que entre as internações estão 66 pacientes confirmados com a Covid-19 e 26 suspeitos. Pelo menos três hospitais estavam com todos os leitos de UTI adulto ocupados, são eles: Cristo Redentor, Independência e Restinga. 

O Hospital de Clínicas atende, nos leitos de UTI adulto, o maior número de pacientes da Covid-19, com 27 confirmados e quatro suspeitos. Em segundo lugar está o Hospital Nossa Senhora da Conceição, com 17 confirmados e também quatro suspeitos. 

Conforme o secretário-adjunto de Saúde de Porto Alegre, Natan Katz, agora é momento de observar e ver se serão necessárias medidas mais restritivas. “Voltar um pouco atrás das flexibilizações que foram realizadas anteriormente”, afirmou. Segundo Katz, o que mais chama atenção não é o número de pessoas nas UTIs, mas principalmente a velocidade de crescimento, acelerada nos últimos dias. “Isso tem nos deixado mais alerta sobre o que fazer”, disse.

Ainda de acordo com Katz, as atividades econômicas foram liberadas aos poucos e tudo isso, junto, fez com que aumentasse o número de internações. “Não podemos culpar um único setor, não seria responsável. É um pouco isso o que a gente tem tentado entender, mas ninguém sabe, no mundo, onde está o maior risco. Sabemos que a nossa casa é um lugar importante de contaminação, mas o resto, se é restaurante, comércio, pegar ônibus, não sabemos qual a fração de cada um dos serviços, a gente acha que é um pouco de cada uma dessas exposições que a gente”, reiterou.

O Comitê de Enfrentamento do Coronavírus, conforme Katz, vem se reunindo diariamente para tratar das próximas medidas. “Provavelmente a atualização das restrições também vai ser frequente, nem que seja para dizer que nada vai mudar”, assinalou. Ele ainda enfatizou que as internações nos leitos clínicos também aumentou, mas a velocidade de crescimento é menor do que a dos leitos de UTI. “Hoje o leito clínico não é a maior preocupação, que é sem dúvida o leito de UTI porque é normalmente o ponto de maior sensibilidade do sistema. O leito clínico vai aparecer como problema depois do leito de UTI”, declarou.

A SMS, segundo Katz, também está acompanhando os atendimento ambulatoriais e nas tendas. “Teve um crescimento de 20% a 30% nas últimas semanas, o que conversa um pouco com a chegada do inverno. Se sabe que no inverno a gente tem um aumento da demanda por gripes e sintomas respiratórios em geral, então é algo esperado. Olhando para os atendimentos de agora, eles estão menores do que a gente teve no inverno passado, por exemplo, mas teve um aumento nas últimas semanas em relação às anteriores”, afirmou.

Katz ainda esclareceu que não há definição sobre as novas liberações ou restrições. “Se notarmos que a velocidade das internações de UTI está muito alta, poderemos retroceder em tudo. Desde o início deixamos isso muito claro, podemos em algum momento ter que recuar. Seria irresponsabilidade nossa se a gente achasse que daqui só vai abrir. Estamos acompanhando diariamente os indicadores, exatamente porque sabemos que esses riscos existem. Precisamos ver a velocidade e a ocupação dos leitos para saber se precisaremos ser mais incisivos ou não”, comentou.

As novas restrições podem ocorrer, segundo Katz, principalmente para que não falte atendimento para a população. “Olhamos o crescimento de hoje para ver onde ele vai chegar daqui pra frente. Se em algum momento a gente achar que há perigo, a gente ter tempo de restringir e isso não estourar a nossa capacidade de leitos, então por isso estamos em alerta para restringir atividade ou não”, informou, reiterando que a doença infecciosa cresce exponencialmente. “Se a gente esperar chegar em toda a ocupação de leitos, para restringir, já estará estabelecida uma falta de assistência no dia seguinte. Sempre temos que olhar o que acontece hoje, tentando estimar o que vai acontecer nas próximas semanas. Esse é o motivo de estarmos alerta, mesmo ainda com muitos leitos de UTI disponíveis”, acrescentou.

No Rio Grande do Sul, conforme o levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a taxa de ocupação de leitos de UTI adulto no Estado é de 70,7%. São 1.388 pacientes em 1.964 leitos. Com relação aos pacientes com a Covid-19, consta no levantamento da SES que 221 confirmados estão internados em leitos de UTI e 122 suspeitos, em hospitais da rede SUS ou privados, sendo 343 no total, o que representa 24,71% do total de internações nas UTIs adulto do Rio Grande do Sul. Os demais 1.045 pacientes internados em leitos de UTI adulto estão com outras comorbidades.

Nas UTIs pediátricas são dois confirmados e sete suspeitos, enquanto nos leitos clínicos pediátricos está internado um paciente confirmado e 29 suspeitos. No geral, são 477 pacientes com diagnóstico positivo da Covid-19 internados no Estado e 537 suspeitos. No total, nas UTIs são 352 pacientes, entre adulto e pediátrica.


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