Rodoviários declaram greve e prometem 30% da frota nas ruas na próxima terça
Categoria protesta contra pacote de transportes sugerido pela prefeitura de Porto Alegre
publicidade
Após uma caminhada por algumas vias centrais de Porto Alegre, os rodoviários chegaram à Câmara de Vereadores, onde ocorrerá o início da votação do pacote de transportes, sugerido pela prefeitura da cidade. Um pontos reivindicados pela categoria é a retirada da proposta que prevê a extinção gradativa dos cobradores das linhas de ônibus. Hoje, durante a passeada, o sindicato declarou estado de greve e, independente do que acontecer nesta quinta e na sexta-feira, apenas 30% da frota estará nas ruas da cidade na próxima terça-feira.
Na chegada à Câmara, o sindicato indicou a obtenção de uma liminar para que todos acompanhem a votação na Casa. Além da iniciativa da prefeitura que prevê a retirada paulatina dos cobradores, a intenção da iniciativa do Executivo municipal é a redução da tarifa de ônibus para R$ 2,00 a partir de 2021.
O presidente do sindicato dos rodoviários, Adair da Silva, declarou que o objetivo da manifestação é deixar claro que a categoria está atenta às intenções do prefeito Nelson Marchezan Júnior. "Ele protocolou projetos para manipular e colocar a medida que exclui os cobradores das linhas em primeiro lugar. Não vamos aceitar e vamos entrar em estado de greve. Cerca de 3,6 mil cobradores podem ser prejudicados. Olha o que o Marchezan fez, colocar um projeto para cobrar pedágio. Olha que absurdo", disse.
Além dos rodoviários, um grupo de motoristas de aplicativo realizou caminhada em direção à Câmara a partir do Largo Zumbi dos Palmares. Conforme Joe Moraes, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo (Alma), o pacote é nocivo para a categoria e usuários. "Hoje ganhamos R$ 0,90 em km rodado, sendo que R$ 0,60 são gastos. Uma medida polêmica, que não foi discutida com ninguém".
O pacote
O pacote com cinco projetos que alteram radicalmente o transporte público de Porto Alegre é classificado pelo Governo como uma necessidade de ação. Gestado desde maio de 2019, as medidas impactam diretamente na tarifa e visam dividir mais a conta com a população. Para isso, as propostas incluem criação de novas taxas voltadas aos motoristas e empresas de aplicativo de carros, até uma mudança no sistema da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
O secretário municipal extraordinário de Mobilidade, Rodrigo Tortoriello detalhou no início desta semana o plano e como ele foi pensado. O secretário afirmou que a elaboração de uma nova matriz tarifária surgiu no primeiro semestre do ano passado, quando o prefeito Nelson Marchezan Júnior pediu que ele encontrasse uma forma de reduzir R$ 1 o preço da passagem.
Com as medidas apresentadas na segunda-feira, e que podem ser votadas nesta quinta e sexta-feira em sessão extraordinária da Câmara de Vereadores, a gestão municipal projeta que a tarifa do ônibus seja de R$ 2 a partir de 2021 e não sofra nenhum reajuste neste ano.
Duas das medidas são as mais polêmicas: a que propõe taxação das corridas de aplicativos e a cobrança para motoristas que venham de outras cidades. Sobre a taxação dos aplicativos, Tortoriello afirmou não temer que a medida tire a competitividade ou inviabilize o negócio. Ele garante que não serão os profissionais os responsáveis por pagar R$ 0,28 por quilômetro rodado, mas, sim, as empresas.
*Com informações da repórter Jéssica Moraes