Rodoviários sofrem com atrasos de salários em Porto Alegre

Rodoviários sofrem com atrasos de salários em Porto Alegre

Categoria enfrenta problemas com problemas de pagamento e no vale-alimentação após redução de passageiros com pandemia de coronavírus

Felipe Samuel

Rodoviários reclamam de salários atrasados após queda de movimento pela pandemia de Covid-19

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Salários e vale-alimentação atrasados viraram rotina para os rodoviários desde que as empresas de ônibus começaram a registrar redução de passageiros em função pandemia do novo coronavírus. O Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Porto Alegre (Stetpoa) alega que as negociações da categoria com as empresas de ônibus estão interrompidas e sem perspectiva de retomada. Com os vencimentos parcelados, o Stepoa - que representa 8 mil trabalhadores - critica a falta de planejamento das empresas para regularizar os salários da categoria. 

Presidente em exercício do Stetpoa, Sandro Abbade afirma que o parcelamento 'incomoda' os rodoviários. O dirigente explica que as empresas alegam não ter lucro por conta da diminuição de usuários de transporte público. "Por essa situação da pandemia, há dificuldade de realizar reuniões e encontros. Está cada vez mais complicado, e isso está impedindo de avançar no diálogo. A categoria está nervosa e inquieta", alerta. Abbade destaca que a prefeitura também não manifesta 'nenhum tipo de preocupação'. "A prefeitura deveria intervir nessa concessão, mas não se manifesta de maneira alguma", completa.

O Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) ressalta que as medidas de restrição de circulação da população adotadas pelo município diminuíram o número de usuários de transporte público e impactaram os lucros das empresas. Advogado do Seopa, Alceu Machado reforça que os ônibus não estão 'transportando ninguém' exceto em horários de pico. Machado afirma que o anúncio de novas restrições, no momento em que as empresas começavam a se recuperar, vai retirar mais passageiros dos coletivos. "O sistema vai voltar menor e vai haver mais demissões ainda. Cada empresa deverá voltar 20% a 25% menor do que era", projeta.

Além de frisar que as empresas estão deixando de pagar fornecedores para tentar regularizar os vencimentos dos servidores, Machado explica que estão sendo oferecidos cursos de qualificação. E rebate as comparações com a Carris, que está pagando os salários em dia. Na avaliação de Machado, a situação das empresas é muito difícil e pode piorar. "Parecia que o setor estava reagindo, chegando a 30% das operações, e com essa nova restrição de circulação desmontou de novo. É frustrante", afirma. "Esse ano está perdido, todo perdido. Não se fala em negociação, é preciso trabalhar para manter emprego", completa.

Por meio de nota, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informa que é convidada e acompanha as reuniões de medição entre rodoviários e empresas junto Judiciário Trabalhista.  Entretanto seu papel é restrito ao acompanhamento e aconselhamento em caso de eventual consulta, sem poderes de  interferência na relação de trabalho.


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