Secretário de Saúde de Porto Alegre reconhece crescimento da curva de novos infectados pela Covid-19

Secretário de Saúde de Porto Alegre reconhece crescimento da curva de novos infectados pela Covid-19

Ainda que em maior número, pasta vem observando casos de menor gravidade, mas é preciso seguir em "alerta" pois UTIs atendem demandas represadas

Jessica Hübler

Número total de casos cresceu 139,40% nos últimos três meses

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O secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer, reconheceu que neste momento Porto Alegre vive uma alteração em sua curva de contágio, após uma estabilização com uma queda gradual no número de novos casos e de internações, o que permitiu a realização de diversas flexibilizações das atividades econômicas. "Tivemos alguns feriados, a campanha eleitoral e a queda que vinha ocorrendo até outubro teve uma reversão, especialmente no início de novembro", destaca.

O número total de casos cresceu 139,40% nos últimos três meses, passando de 25.213 para 60.360. Entre as pessoas com diagnóstico positivo, 54% são do sexo feminino e 46 do sexo masculino. A faixa etária com maior número de casos é das pessoas entre 30 a 39 anos, somando 13.241, ou seja, 21,93% do total. Entre os casos confirmados, 48.981 são considerados recuperados e 12.086 ainda estão em análise. No final de outubro, dia 26, a Capital bateu o recorde de novos casos confirmados por dia, chegando a 885. O maior número até então, no intervalo de 24h, havia sido registrado em 9 de setembro, quando foram 744. 

Conforme Stürmer, os primeiros reflexos foram verificados nos casos de síndrome gripal, depois no número de casos da Covid-19 e também nas internações. "Isso fez com que a gente suspendesse as novas liberações e também proibimos eventos sociais", diz. Neste momento, segundo Stürmer, é preciso seguir "em alerta". "Esse é o momento mais difícil porque diferente de julho e mesmo de março quando fizemos as primeiras suspensões de procedimentos, estamos com nove meses de muita coisa represada no atendimento à saúde", afirma.

De acordo com Stürmer neste momento é preciso equilibrar a oferta de serviços de saúde para pacientes com Covid-19 e com outras demandas como cirurgias eletivas. Com relação aos casos confirmados, Stürmer ressalta que a ampliação da testagem também colabora para o aumento desse indicador. 

"Temos mais casos ativos no momento, mas temos observado que estamos tendo casos com uma gravidade um pouco menor. Maior número, mas com um percentual na ocupação de UTIs menor. A letalidade, o percentual de casos que evolui para óbitos vem caindo, chegou a ser 3,5% e está em 2,6%", ressalta. Segundo Stürmer, é preciso que a população tenha consciência de que é preciso reforçar os cuidados.

A coordenadora do Grupo de Trabalho para a preparação do enfrentamento ao coronavírus do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Beatriz Schaan, assinala que entre o final de agosto e início de setembro, quando foram registrados os maiores números de internações dos pacientes com Covid-19 nas UTIs da Capital, o fluxo de atendimentos para outras complexidades era muito baixo, o que é diferente agora.

"Tínhamos deixado de fazer as cirurgias eletivas usuais e fazíamos somente cirurgias de urgência e oncológicas, então ficou uma demanda reprimida por muito tempo. O movimento dos pacientes do novo coronavírus começou a subir de novo, tivemos que reduzir a intensidade de retomada e vamos voltar a ter cirurgias só de emergência e oncológicas", comenta. Conforme Beatriz, é possível observar um aumento "um pouco mais lento" nas internações do que aquele que aconteceu em meados de agosto.

"Mas se seguir nessa velocidade, podemos atingir um número de pacientes que talvez não tenha como atender. É uma previsão difícil de ser feita, mas as pessoas estão saindo muito, estão sem medo e isso é ruim. O comportamento das pessoas influencia muito, os jovens podem transmitir para outros grupos, inclusive para idosos e grupos de risco que vão acabar necessitando das internações e não sabemos se teremos condições de atender todos", destaca. Beatriz reitera ainda que é preciso continuar evitando "saídas desnecessárias".

"As soluções mais recentes procuram não fechar o comércio, não envolver as pessoas que já perderam muito naquelas restrições mais severas e precisamos de um engajamento maior da população, mas a gente vê que essa resposta não está aparecendo", pontua. Beatriz declara ainda que existe uma certa preocupação com a transição na gestão do Executivo Municipal. "O trabalho da Secretaria Municipal de Saúde é impecável, ficamos na expectativa de como será com a nova gestão", afirma. O secretário Pablo Stürmer enfatiza que a equipe está disposta a compartilhar todo o conhecimento adquirido ao longo do enfrentamento da pandemia até o momento.


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