Sem casos desde 1989, Opas vê risco alto de poliomielite voltar ao Brasil

Sem casos desde 1989, Opas vê risco alto de poliomielite voltar ao Brasil

Organização alega que retorno da doença é motivado pela queda da coberta vacinal e também pode atingir a República Dominicana, Haiti e Peru

R7

Campanha vai até o dia 9 de setembro

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A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) disse nesta quarta-feira que o Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru correm um risco muito alto de reintrodução da poliomielite, já que a cobertura regional de vacinas para a doença caiu para cerca de 79%, o menor índice desde 1994.

No início deste mês, a governadora de Nova York, Kathy Hochul, declarou uma emergência de desastre em uma tentativa de acelerar os esforços para vacinar os moradores contra a pólio depois que o vírus foi detectado em amostras de águas residuais coletadas em quatro municípios.

Cepas geneticamente semelhantes à de Nova York também foram achadas em Jerusalém, em Israel.

A ameaça atual não decorre do vírus selvagem, mas do próprio vírus atenuado usado em uma vacina oral contra a doença. Depois que as crianças são vacinadas, elas eliminam os vírus nas fezes por algumas semanas. Em comunidades pouco vacinadas, esse vírus pode se espalhar e sofrer mutação de volta para uma versão prejudicial.

No Brasil, não há registro de infectados desde 1989 e, em 1994, o país recebeu o certificado de erradicação emitido pela Opas/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde).

No entanto, nos últimos dez anos, a cobertura vacinal da poliomielite caiu de 96,5% (2012) para 61,3% (2021) no Brasil, um dado que acende o sinal de alerta, especialmente no momento em que a doença é detectada em alguns países.

"Vivemos no mundo de uma forma globalizada e, quando menos esperamos, podemos ter a reintrodução de um vírus que não circulava aqui no Brasil", disse a infectologista e consultora de vacinas do Delboni Medicina Diagnóstica, da rede Dasa, Maria Isabel, em entrevista ao R7 em agosto deste ano.

Atualmente, o Ministério da Saúde comanda uma campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e multivacinação para atualização da caderneta de vacinação da criança e do adolescente menor de 15 anos — a fim de melhorar os índices de cobertura vacinal —, mas os dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) mostram que a adesão não foi animadora: ficou abaixo de 50%.

Em razão disso, a campanha foi prorrogada até o dia 30 de setembro.


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