Semana Lixo Zero 2020 discute as leis sobre logística reversa em Porto Alegre

Semana Lixo Zero 2020 discute as leis sobre logística reversa em Porto Alegre

Evento abordou a importância de repensar o modelo de consumo

Christian Bueller

publicidade

A Semana Lixo Zero, que tem programação até 1º novembro, em Porto Alegre e 13 cidades do RS, apresentou, na última quinta-feira, um painel transmitido pelo YouTube, mostrando o que é logística reversa, qual a importância e quais são os quatro projetos de lei tramitando atualmente na Câmara de Porto Alegre. A logística reversa é o procedimento que permite o consumidor retornar à empresa um produto após seu consumo, de forma que o fabricante possibilite um descarte correto.

O conceito foi apresentado por Mariane Marcheti, da empresa líder global em soluções para resíduos de difícil reciclabilidade, Terra Cycle. “É um termo que se usa no mundo desde 1990, quando você reinsere na cadeia produtiva os resíduos pós-consumo”, explicou. Segundo ela, a logística reversa é um instrumento que traz a responsabilidade para o fabricante, varejistas e consumidor final. “Faz a gente repensar o modelo de consumo e, até mesmo, o design das embalagens porque a cadeia inteira de produção é corresponsável”, enfatizou Mariane.

Representando a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smans), a coordenadora jurídica Ângela Molin lembrou que o meio ambiente é, hoje em dia, uma dos pautas mais importantes no país. Ela listou os projetos de lei em tramitação e o passo a passo jurídico do processo. “Logística reversa dos resíduos originários de embalagens (PL 12/20), Logística reversa de pneus (PL 16/20), Logística reversa das lâmpadas, eletroeletrônicos, pilhas e baterias (PL 15/20) e um que chamamos de descarte e destinação correta de medicamentos em desuso (PL 14/20)”, relatou, ressaltando que o objetivo dos PLs é suplementar as normas federais a partir da implementação municipal.

O presidente da Associação de Catadores de Padre Cacique, Daniel Mesquita, lembrou que a entidade é uma das 16 unidades de triagem conveniadas com o Município. Ele contou um pouco da história e das atividades de um dos maiores galpões de Porto Alegre. “Estamos no bairro Belém Velho e tudo começou com o trabalho da minha mãe, na década de 1990, com moradores de rua”. Mesquita lamentou que os catadores não tenham sido chamados para contribuir com ideias para os PLs. “Fico chateado de não sermos citados como agentes nestes projetos”, afirmou. O catador acredita que o governo devesse ampliar a fiscalização. “Deveria monitorar os produtos antes mesmos de serem produzidos, como acontece na Europa”.

Diretamente de Portugal, a bióloga marinha Renata Fleck fez uma analogia de como se deve agir em relação aos resíduos. “Se uma torneira fica aberta, derramando água, pegamos uma vassoura ou fechamos a torneira? Precisamos de medidas de prevenção e reduzir a quantidade de lixo que produzimos”, ponderou. Segundo ela, o governo deve estabelecer metas de reutilização e, em seguida a reciclagem. “O Daniel está certíssimo, passa muito pela questão da produção porque muitas embalagens não são recicláveis. Querem que as pessoas reciclem, mas não há tecnologia pára reciclar alguns produtos”, frisou. Renata lembra que 30% das embalagens plásticas produzidas pelos portugueses são recicladas, em comparação ao 1% do que atualmente ocorre no Brasil.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895