Spohr diz que banda usou artefatos pirotécnicos sem autorização na Boate Kiss

Spohr diz que banda usou artefatos pirotécnicos sem autorização na Boate Kiss

Réu também contou que uma vizinha que morava no bairro reclamou do barulho da boate

Correio do Povo

Spohr disse que a banda usou artefato pirotécnico sem autorização na noite do incêndio

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Elissandro Spohr afirmou, nesta segunda-feira, que a banda Gurizada Fandangueira fez uso de artefatos pirotécnicos na noite da tragédia em Santa Maria sem a sua autorização. Questionado pelo juiz Orlando Faccini Neto, ele disse não se lembrar se o grupo pediu para usar o material. "Nunca vi uma banda fazer aquilo", disse. O acionamento do artefato provocou o incêndio que causou a morte de boa parte das 242 vítimas e feriu mais de 600 pessoas em 2013. Spohr começou hoje a ser interrogado no julgamento da Boate Kiss. Ele é o primeiro, entre os quatro réus, a depor. 

Ele ainda relembrou das reclamações feitas por uma vizinha do barulho vindas da Boate Kiss. Segundo ele, para resolver o problema, o proprietário da Kiss, na época, foi aconselhado pelo engenheiro Samir Samara a colocar uma parede no lado que era direcionada à residência da mulher e também uma espuma. No entanto, após a instalação dos materiais, o barulho continuou. "Era uma vizinha, o problema. Tentei de tudo para resolver", disse o réu sobre o vazamento acústico. 

Segundo Elissandro, a espuma que havia sido colocada foi retirada por conselho do engenheiro Pedroso, que foi o responsável pelo projeto acústico. Depois, como a obra não resolveu o problema da acústica, Elissandro procurou Samir, novamente, que indicou que era preciso colocar espuma no palco, o que foi feito.

O réu relatou que quando iniciou o incêndio estava tentando convencer um frequentador a deixar a boate por conta de embriaguez. "Não vi início do incêndio. Só as pessoas gritando e correndo na direção contrária do palco. Eu entrei um pedaço e vi o palco" relembrou. Em seguida, ele falou conta que saiu correndo pela porta dos fumantes e gritando "sai, sai, sai, abre, abre".

Spohr chorou muito ao lembrar da noite do incêndio. Quando começou a ser informado sobre o número de mortos, ele disse que "não sabia o que fazer". "Não tinha explicação. Eu não quis isso e não escolhi isso. Isso não devia ter acontecido. A Boate Kiss era uma boate boa. Todo mundo gostava de trabalhar lá", desabafou. "Eu virei um monstro de um dia para o outro".   

Nesta quarta-feira, teve início o interrogatório dos acusados com Elissandro Spohr. Os demais réus permanecerão no plenário. Para esta quinta-feira, a ordem do interrogatório será de Luciano Bonilha, ex-produtor da banda Gurizada Fandangueira, Mauro Hoffman, outro sócio da boate, e Marcelo Santos, vocalista do grupo musical. 


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