Substâncias tóxicas da lama podem contaminar bombeiros em Brumadinho

Substâncias tóxicas da lama podem contaminar bombeiros em Brumadinho

Socorristas precisam lidar com drones, notícias falsas de desaparecidos e tentativas de resgates por civis

Correio do Povo

Segundo o médico sanitarista Marcus Vinícius Polignano, o contato direto com o rejeito de minério pode trazer problemas graves para a saúde

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As consequências causadas pelo rompimento da barragem da Vale na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, na última sexta-feira, ainda estão sendo conhecidas. Uma das preocupações é a saúde dos socorristas, voluntários e vítimas, já que eles podem estar contaminados com substâncias tóxicas do mar de lama.

Segundo o médico sanitarista Marcus Vinícius Polignano, o contato direto com o rejeito de minério pode trazer problemas graves para a saúde. "Quem teve contato com a lama, teve com substâncias tóxicas. Na lama não tem só minério de ferro, mas elementos químicos, como metais pesados. Tem também componentes à base de amina, que são irritantes para a pele", explica.

Além disso, de acordo com o médico, a saúde mental dos socorristas também pode estar abalada. "Essa lama enterrou pessoas. Enterrou histórias. Então as pessoas, evidentemente, estão sofrendo. Existe um sofrimento mental. Então mesmo os trabalhadores que estão lá, os bombeiros, ao assistirem cenas absolutamente grotescas, acaba por refletir na capacidade e no problema psíquico deles".

A recomendação dada para aqueles que trabalham no resgate de corpos é que tomem dois comprimidos de Cloridrato de Doxiciclina a cada sete dias para prevenção de doenças como a leptospirose. Além disso, todos estão sendo monitorados por médicos.

• Leia mais sobre o desastre ambiental em Brumadinho

Outros problemas

Além do risco de contaminação, os socorristas precisam lidar com drones, notícias falsas de desaparecidos e tentativas de resgates por civis em áreas perigosas.

O porta-voz dos bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara, alerta que drones devem ser mantidos longe do local de buscas, o que chamam de área quente, já que estão atrasando a busca por sobreviventes e corpos em toda a área. "Por mais de uma vez, nossas aeronaves tiveram que fazer manobras de emergência em decorrência de aproximação não autorizada de drones. Este tipo de prática coloca em risco não só a vida daquelas pessoas que estão na operação, como, especialmente, atrapalha a operação", explica Aihara.

De acordo com o tenente, informações falsas estão chegando até os bombeiros de que pessoas estariam desaparecidas em locais e, ao irem averiguar, não havia ninguém. O efetivo foi retirado mais de uma vez da operação de buscar para conferir os supostos sumiços de pessoas nas matas. "Paramos o que estávamos fazendo e fomos para lá. Isso aconteceu por mais de três vezes e nada foi encontrado", declara.

 


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